O Ministério Público Federal em Brasília denunciou nesta terça-feira Glenn Greenwald e outros seis envolvidos no ataque hacker contra centenas de autoridades.
Segundo a denúncia, Greenwald “auxiliou, incentivou e orientou, de maneira direta, o grupo criminoso”.
Em outro trecho de diálogo com o hacker Luiz Henrique Molição — reproduzido na denúncia do MPF –, Gleen Greenwald indica que o grupo criminoso deveria apagar as mensagens roubadas de autoridades e repassadas a ele.
Para o procurador Wellington Divino Marques de Oliveira, Greenwald, ao agir assim, tentava se desassociar do material ilícito, “caracterizando clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos”.
GLENN GREENWALD: Entendi. Então, nós temo… é… vou explicar, como jornalistas, e obviamente eu preciso tomar cuidado como com tudo o que estou falando sobre “essa assunto”, como jornalistas, nós temos uma obrigação ética para “co-dizer” (?) nossa fonte.
MOLIÇÃO: Sim.
GLENN GREENWALD: Isso é nossa obrigação. Então, nós não podemos fazer nada que pode criar um risco que eles podem descobrir “o identidade” de nossa fonte. Então, para gente, nós vamos… como eu disse não podemos apagar todas as conversas porque precisamos manter, mas vamos ter uma cópia num lugar muito seguro… se precisarmos. Pra vocês, nós já salvamos todos, nós já recebemos todos. Eu acho que não tem nenhum propósito, nenhum motivo para vocês manter nada, entendeu?
MOLIÇÃO: Sim.
GLENN GREENWALD: Nenhum… Mas isso é sua, sua escolha, mas estou falando e, isso não vai prejudicar nada que estamos fazendo, se você apaga.
MOLIÇÃO: Sim. Não, era mais, era mais uma opinião que a gente queria mesmo, pra gente fazer mais pra… mais pra frente.
GLENN GREENWALD: Sim, sim. É difícil porque eu não posso te dar conselho, mas eu eu eu eu tenho a obrigação para proteger meu fonte e essa obrigação é uma obrigação pra mim que é muito séria, muito grave, e nós vamos fazer tudo para fazer isso, entendeu?
MOLIÇÃO: Sim. É que conforme o… é… se a gente puxar essas conversas, corre o risco de acabar saindo mais notícia. Então isso pode de alguma forma é… prejudicar, então isso que é a nossa preocupação.
GLENN GREENWALD: Entendi, entendi. Ah… sim, sim. A nossa nossa, quando publicamos, única coisa que nós vamos falar é que nossa parte disse que ele está dando esses documentos porque ele descobriu “muito corrupção”, “muitos mentiras”, “muitos coisas” que ele acreditou, o público tem direito para saber, que ele disse que ele não tem a… ele não está apoiando uma ideologia, nem um partido, que qualquer corrupção, esses documentos mostram que ele quer que “nós reportar”, reportarmos, e que nós vamos reportar. E é só para fortalecer a democracia e limpar a corrupção né? É só isso que estamos falando. E também nós vamos falar que nós recebemos todos os documentos muito antes “dessas artigos” da outra semana sobre Moro, sobre outra coisa sobre hackeados.
MOLIÇÃO: Sim. Não, perfeito.
GLENN GREENWALD: Só isso.
MOLIÇÃO: Perfeito.
GLENN GREENWALD: É só isso que vamos falar.
MOLIÇÃO: Certinho, perfeito
GLENN GREENWALD: Tá bom?
MOLIÇÃO: Sim, era só isso que a gente tinha pra discutir.
GLENN GREENWALD: Oi?
MOLIÇÃO: Era só isso que a gente tinha pra discutir com você.
GLENN GREENWALD: Ah, tá bom, tá bom.
MOLIÇÃO: Certo? Obrigado.
GLENN GREENWALD: Tá bom, obrigado você. Qualquer, qualquer dúvidas me liga tá?
MOLIÇÃO: Sim.
GLENN GREENWALD: Tá bom, tchau, tchau.
MOLIÇÃO: Tchau.
A denúncia da Operação Spoofing, que apura o esquema de crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades, mostra que operadores ostentavam dinheiro e armas. Segundo o MPF, os valores eram resultado de crimes cibernéticos por meio de três frentes: fraudes bancárias, invasão de dispositivos informáticos (como, por exemplo, celulares) e lavagem de dinheiro.
Os investigadores encontraram vídeos e fotos do transporte dos valores, sendo que parte foi levada até em embalagens de macarrão, torradas e sacolas plásticas, com o intuito para ocultar o real conteúdo.
“Os relatórios apresentam diversas análises de vídeos e fotos que demonstram a posse e o transporte de grade quantidade de dinheiro e porte de um arma de fogo, bem como um sistema estruturado de contabilidade do crime, com, inclusive, controle dos valores fraudados em diversos bancos”, escreveu o MPF.