Senadores e deputados começaram o mandato tentando garantir os melhores gabinetes. Mas o ímpeto dos novatos esbarrou em velhos hábitos de políticos
Senadores e deputados começaram o mandato tentando garantir os melhores gabinetes. Mas o ímpeto dos novatos esbarrou em velhos hábitos de políticos, criando desgaste entre colegas de plenário e de partido antes mesmo da largada.
A primeira confusão ocorreu na disputa por gabinetes, um sorteio cheio de regalias, que prioriza parlamentares com parentes na política, partidos proeminentes e uma ou duas minorias.
Filho do presidente da República, Jair Bolsonaro, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) não teve dificuldade para se instalar no prestigiado gabinete do 17º andar, no anexo 1. O dono era o ex-presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE), que cedeu a um pedido do suplente de Flávio, Paulo Marinho (PSL-SP).
Eunício, no entanto, não facilitou a vida de todos os senadores. Disse que teria de aprovar as mudanças enquanto estivesse na Presidência da Casa. Recusou-se a liberar, por exemplo, a ampla sala usada por Flexa Ribeiro (PSDB-PA) a Antonio Anastasia (PSDB-MG). O mineiro queria ficar no gabinete 51, que engloba dois escritórios e um jardim de inverno, mas acabou permanecendo no gabinete 23. Nessa disputa, descobriu-se que, há anos, o gabinete vizinho, de número 25, havia engolido a sala 24.
A numeração exposta não segue a sequência lógica. “Não teve jeito. Tiramos na última legislatura. O número é associado ao veado no jogo do bicho e usado para discriminar homossexuais. Não queriam a sala”, disse um integrante da diretoria-geral do Senado.
Na Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) ocuparão gabinetes considerados privilegiados em função da proximidade com o plenário. Eles são os únicos entre os 513 parlamentares que conseguiram salas no edifício principal da Câmara, além do presidente e do vice. Joice Hasselmann (PSL-SP) acabou ficando com o escritório que pertenceu ao ex-deputado Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Benefícios
A Câmara e o Senado pagaram R$ 20 milhões para 298 parlamentares reeleitos em outubro, como ajuda de custo para início e fim de mandato. O benefício, conhecido como auxílio-mudança, foi repassado até para parlamentares que têm residência em Brasília e não pretendiam se mudar. Entre os privilégios do cargo estão também auxílio-moradia, auxílio-paletó, motorista com carro disponível 24h, verba de gabinete de mais de R$ 100 mil mensais, plano de saúde, passaporte diplomático, assessores e, se necessário, seguranças.
Publicado em: Governo