Ao deixar o CNJ, a ex-corregedora diz ao Correio que está convencida de que o julgamento do mensalão vai mostrar ao país uma Justiça cada vez mais desatrelada do poder
Diego Abreu
No último dia de expediente na função de corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon teve tempo para reafirmar cada uma das suas convicções a respeito da magistratura brasileira. Reiterou a necessidade de desmistificar a imagem de “semideuses” dos juízes da mais alta Corte do país, o Supremo Tribunal Federal, falou sobre a polêmica expressão “bandidos de toga” e disse que a missão do STF no julgamento do mensalão é mostrar como se faz Justiça, assim, com letra maiúscula. Em entrevista exclusiva ao Correio, a ministra não poupou críticas sequer ao CNJ: “O colegiado é tímido, não está aberto às mudanças”. Aproveitou para dizer que não pretende ser advogada e, muito menos, concorrer a algum cargo eletivo.”Quem doou quer o quê? Minha alma? Essa eu não dou”.
A senhora se arrepende de algo da sua gestão? Valeu a pena ter dito que há bandidos de toga?
Não me arrependo de nada. Valeu, sim. Hoje, grande parte da magistratura tem a exata medida de compreensão das minhas palavras.
E o CNJ ainda tem muito a evoluir para combater irregularidades no Judiciário?
O colegiado é tímido, não está aberto às mudanças. O corporativismo é muito forte, penetrante. Vai e volta. É derrotado, mas consegue vitórias. Temos que estar muito atentos evitar que o CNJ seja um arremedo do que é a Justiça piorada.
Publicado em: Governo