Cientistas políticos avaliam que condição física e mental do presidente brasileiro deve ser analisada antes de lançar candidatura a reeleição em 2026
A discussão etária e sobre a habilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 78 anos, governar o país novamente por mais 4 anos chegou ao Brasil. Levanta-se a questão da vitalidade do petista, se ele terá capacidade física e cognitiva para disputar o pleito em 2026. A comparação é feita em relação ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Partido Democrata), 81 anos, já que o petista terá a mesma idade que o norte-americano 2 dias depois do 2º turno das eleições, em 27 de outubro de 2026.
Especialistas avaliam que a condição física e mental do petista deve ser levada em conta antes de lançar a candidatura nas eleições de 2026. Apesar de alguns deslizes de Lula, a questão não é tão visível para o eleitorado, já que, sempre que o chefe do Executivo tem uma brecha, cita aspectos positivos de sua saúde e tenta demonstrar mais vitalidade.
Em entrevista ao Poder360, o cientista político e presidente do Instituto Monitor da Democracia, Márcio Coimbra, avalia que a comparação de idade entre os 2 líderes faz sentido, apesar de o petista não apresentar os mesmos sinais de fraqueza em função da idade que Biden apresenta: “Nada impede que ele [Lula] se debilite ao longo dos anos, então, isto é um fator de preocupação”.
Sempre que tem oportunidade, Lula fala de aspectos positivos de sua saúde e tenta demonstrar vigor. Frequentemente conta que se levanta às 5h30 e faz exercícios físicos quase todos os dias. Isso, de acordo com Coimbra, é uma tentativa do petista de mostrar que está em “boas funções mentais” e com o “corpo em dia”, porque, afinal, “isso é condição para o cargo [de presidente]”.
Além disso, Coimbra afirma que a questão etária também deve ser levada em consideração pelo PT. A sigla de Lula não foi preparada para uma sucessão dentro de seu próprio partido, portanto, isso pode ser desestabilizador para a campanha presidencial em 2026.
Em 2018, o PT tentou emplacar o nome do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como seu sucessor, mas sem sucesso.
Apesar disso, Coimbra também avalia que é “cedo” para saber se a oposição usará o argumento da idade avançada contra Lula, mas pode ser um ponto-chave dependendo de quem será o concorrente do chefe do Executivo.
Em seu 4º ano de mandato, Biden é o presidente mais velho da história do país. Caso mantenha sua candidatura nas eleições de 2024 e seja reeleito, o democrata terá 86 anos ao final de seu 2º mandato. Assim como o norte-americano, Lula é o presidente mais velho do Brasil, tendo assumido o cargo aos 77 anos.
A discussão sobre possíveis dificuldades que Biden estaria tendo por causa da idade avançada não é nova nos EUA, mas o desempenho considerado desastroso no 1º debate presidencial contra o ex-presidente Donald Trump (Partido Republicano), promovido pela CNN em 28 de junho, aumentou a pressão para que ele desista da reeleição.
Para o cientista político pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) João Felipe Marques, no caso de Lula, a questão da “senilidade” como a de Biden não é tão visível para parte significativa do eleitorado, já que o petista afirma frequentemente que, apesar de seus 78 anos, tem “energia de 30 e tesão de 20”.
No entanto, o presidente brasileiro já cometeu alguns deslizes, como quando, em 26 de março de 2024, trocou o nome do presidente da França, Emmanuel Macron, pelo do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy (2007-2012), durante a visita de Macron ao Brasil.
Em um discurso no Rio, quase trocou o nome do atual prefeito, Eduardo Paes (PSD), pelo do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), em 7 de fevereiro.
“Embora haja episódios de senilidade, o presidente brasileiro parece apto a disputar uma eleição e a articular politicamente. É importante lembrar que, como os mandatos duram 4 anos, novas questões relacionadas à condição física podem surgir, exigindo uma análise racional dos líderes partidários”, afirma Marques.
Considerando ainda a ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível por 8 anos, no pleito de 2026, a questão etária pode ser um argumento usado pela oposição ao petista. O próprio presidente listou 4 possíveis nomes do bolsonarismo que podem disputar o Palácio do Planalto em 2 anos:
Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) – 49 anos;
Romeu Zema (Novo-MG) – 59 anos;
Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) – 74 anos;
Ratinho Junior (PSD-PR) – 43 anos.
Por poder 360
Publicado em: Política