O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi detido nesta sexta-feira, 20, durante a reintegração de posse da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
A ação foi autorizada pela juíza Luciana Losada Albuquerque Lopes, da 13ª Vara de Fazenda Pública do Rio de Janeiro, em resposta ao descumprimento da decisão judicial que determinava a desocupação do prédio.
Em vídeo obtido por O Antagonista, o deputado aparece sendo levado por policiais militares após tentar impedir a tropa de choque da PM de entrar na universidade.
Como mostramos, estudantes protestavam contra os cortes de benefícios oferecidos durante a pandemia, ocupando acessos da instituição de ensino.
Em agosto, a universidade classificou como “inaceitável e descabido o sequestro de um prédio público, com claros e imediatos prejuízos à toda comunidade acadêmica”.
150 milhões de reais para a UERJ
O governo do Rio concordou em repassar 150 milhões de reais à UERJ, como parte de uma suplementação orçamentária destinada a cobrir diversas despesas até o final do ano.
Parte desse valor será utilizada para conceder auxílios financeiros a estudantes que foram excluídos dos novos critérios da Bolsa Apoio à Vulnerabilidade Social (BAVS).
A mudança nos critérios da BAVS, estabelecida pelo Ato Executivo de Decisão Administrativa (AEDA) 038/2024, gerou uma onda de revoltas entre os estudantes, levando à ocupação de prédios da UERJ. A nova regra reduz a renda mínima para elegibilidade, de um salário mínimo e meio para meio salário mínimo, o que excluiu cerca de 1.200 estudantes do benefício.
Além dos auxílios emergenciais, o repasse permitirá à UERJ honrar compromissos financeiros, como o pagamento de quase 9 mil bolsas permanência para cotistas e 6 mil bolsas acadêmicas, além de arcar com despesas operacionais.
“Não dá para a UERJ ficar pagando para estudarem lá”
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), negou a possibilidade de novos aportes.
“A reitoria vai ter que achar com os alunos o modelo, porque não dá, para além de ser pública e gratuita, a Uerj ficar pagando para as pessoas estudarem lá. Você tem outra situação de vulnerabilidade, ok, mas virar uma faculdade que agora você paga o aluno, ainda mais o depois que o aluno falou no vídeo de ‘bolsa maconha’, mostra que estão desvirtuando a ideia de bolsa, o Estado não está aqui para dar bolsa, muito menos ‘bolsa maconha’ para aluno que quer fazer a baderna na universidade. Então o Estado chegou no limite”, disse.
Glauber Braga e o Conselho de Ética
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados aprovou, por 10 votos a 2, em 11 de setembro, o relatório do deputado federal Paulo Magalhães (PSD-BA) que instrui a continuidade da ação que pode cassar o mandato de Glauber Braga.
O partido Novo apresentou representação na qual acusa Braga de quebrar o decoro por ter agredido fisicamente um militante do Movimento Brasil Livre (MBL). Essa é a segunda representação contra Braga no Conselho de Ética neste ano e a quinta nos últimos seis anos.
A última confusão de destaque com o deputado do PSOL ocorreu em abril, quando ele agrediu, diante de várias câmeras, Gabriel Costenaro, influenciador e militante do MBL.
Por o antagonista