Na manhã desta quinta-feira (24), uma operação da Polícia Militar no Complexo de Israel, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, resultou em um intenso tiroteio que paralisou a Avenida Brasil, uma das principais vias da cidade, por mais de duas horas. O confronto deixou três mortos e três feridos, gerando grande impacto na região e trazendo à tona um debate sobre a segurança pública no estado.
Durante coletiva de imprensa, o governador Cláudio Castro classificou o incidente como um “ato de terrorismo”, enfatizando que o ocorrido vai além de um simples confronto armado entre facções e a polícia. A declaração veio em meio a uma crescente tensão sobre as restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) às operações policiais no estado.
“O Rio de Janeiro tem cumprido 100% o que manda a ADPF 635”, afirmou Castro, referindo-se à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental que limita operações em comunidades cariocas. Segundo o governador, apesar do cumprimento das medidas, houve um fortalecimento das facções criminosas, que, em suas palavras, ampliaram seu poder bélico desde a imposição dessas restrições. “Desde que a ADPF está aí, você tem o fortalecimento de cinco grandes instituições criminosas ligadas ao tráfico de drogas”, declarou.
Castro ainda destacou que a presença de criminosos de outros estados no Rio aumentou, atribuindo esse cenário à falta de avanços na legislação. Ele afirmou que a Polícia Militar estima que mais de 200 criminosos de outras regiões do Brasil estejam atualmente no Rio de Janeiro.
Críticas ao Congresso e ao Judiciário
Além de criticar a ação do STF, o governador também direcionou suas reclamações ao Congresso Nacional. Ele apelou aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD), pedindo mais celeridade nas discussões sobre mudanças nas leis que ele considera “convidativas ao crime”.
“Tem mais de um ano e meio que eu falo da questão da legislação. Essa legislação hoje é convidativa ao crime”, ressaltou Castro, cobrando respostas mais rápidas do Congresso. “Vou falar de novo aqui: presidente do Senado, presidente da Câmara… tem mais de um ano e meio que eu já levei pro Congresso essas pautas, e elas simplesmente não andam. Sazonalmente, quando o problema volta, voltam a discutir”, lamentou.
O governador também pediu maior cooperação do Judiciário, especialmente no que diz respeito à manutenção de criminosos perigosos em presídios federais. “Precisamos que o Judiciário mantenha criminosos perigosos na cadeia, nos presídios federais”, afirmou.