Nesta quarta-feira (14), a “Folha de S. Paulo” publicou uma reportagem que alega que o gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, “escolhia” pessoas a serem investigadas pelo órgão de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que também estava sob o comando do ministro na época.
De acordo com o jornal, mensagens trocadas por três ex-assessores de Moraes foram obtidas e mostram que os relatórios eram frequentemente ajustados para atender às necessidades do STF e, em alguns casos, elaborados para justificar ações pré-determinadas, como multas e bloqueios de contas e redes sociais.
O material acessado pelo veículo inclui mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp entre agosto de 2022 e maio de 2023, e revela que o setor de combate à desinformação do TSE foi usado como um “braço investigativo” do gabinete do ministro do STF. A reportagem sugere também que houve um “fluxo fora do rito” entre os dois tribunais.
O jornal teve acesso aos dados através de fontes que não recorreram a interceptações ilegais ou acesso hacker. As mensagens mostram, por exemplo, um pedido de Airton Vieira, juiz instrutor no gabinete de Moraes, para desmonetizar a revista Oeste, identificada por seu perfil crítico ao governo Lula. “Vamos levantar todas essas revistas golpistas para desmonetizar nas redes”, escreveu às 18h11 daquele dia, conforme relatado pelo veículo.
Vieira teria pedido a Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, para “usar a criatividade” ao elaborar um relatório sobre a revista.
Além disso, o deputado federal Eduardo Bolsonaro foi um dos alvos escolhidos, conforme mostram mensagens de novembro de 2022 entre Marco Antônio Vargas e Tagliaferro. Os diálogos revelam tentativas de vincular Eduardo Bolsonaro ao argentino Fernando Cerimedo, que havia divulgado teorias conspiratórias sobre a eleição.
O relatório final elaborado por Tagliaferro indicava uma relação de longa data entre Bolsonaro e Cerimedo, com o objetivo de justificar ações contra ambos.
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