Em vias de virar ministro do STF, Flávio Dino diz que não recebeu nenhum dos relatórios que apontavam falhas na segurança de penitenciária federal em Mossoró
Em vias de se tornar ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino disse que não sabia de nenhum dos relatórios de inteligência que alertavam para possíveis falhas na segurança da penitenciária federal de Mossoró.
De acordo com as investigações sobre a fuga de dois detentos, um relatório de 2021 já apontava que mais de 100 câmeras estavam inoperantes em Mossoró. A Folha de S.Paulo informou ainda que outro relatório, de 2023, alertava sobre a possibilidade de fuga pela luminária da parede, exatamente como ocorreu com os dois fugitivos.
A julgar pelo que Dino diz, ele ficou sabendo junto com o resto do país que as falhas registradas em documento desembocaram na fuga de dois presos na quarta-feira, 14. Ou seja, o relatório indica que a primeira fuga registrada nos presídios federais poderia ter sido evitada.
O que Dino estava fazendo?
Durante seu mandato, que começou no início de 2023 e se estendeu até janeiro deste ano, Dino foi responsável pela administração dos estabelecimentos penitenciários federais. Nesse período, o ex-ministro participou ativamente do debate público, sobre os mais diversos temas, mas não parece ter dado atenção às informações que circulavam em sua próprio ministério.
Os relatórios produzidos por autoridades policiais em 2021 e 2023 que indicavam o risco de fugas não chegaram, segundo Dino, às suas mãos. Dessa forma, medidas preventivas não foram tomadas.
Rogério da Silva Mendonça, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, chamado de Deisinho aproveitaram a desatenção para escapar. Ambos são ligados ao Comando Vermelho, uma das maiores organizações criminosa do país.
Enquanto eles tramavam a fuga, Dino pediu desfiliação do PSB e assumiu um mandato no Senado, antes de tomar posse no STF na quinta-feira, 22.
O que diz Flávio Dino
Questionado sobre os relatórios pela Folha de S.Paulo, o ex-ministro afirmou que não recebeu nenhum deles. Seu sucessor, Ricardo Lewandowski, também disse ter tomado conhecimento dos relatórios apenas pela imprensa.
Promessas do novo ministro da Justiça
Lewandowski assegurou que nenhum defeito, falha de procedimento ou problema de equipamento será deixado para trás. Ele prometeu que os presídios federais serão ainda mais seguros no futuro.
A ironia de Lula diante ao caso
Durante uma viagem à Etiópia, o presidente Lula comentou sobre o caso e levantou a possibilidade de relaxamento e conivência por parte dos agentes que trabalham em Mossoró. Ele afirmou que é preciso investigar como os detentos conseguiram cavar um buraco sem serem vistos e ironizou dizendo que eles quase precisaram contratar uma escavadeira.
As buscas pelos fugitivos já estão no sétimo dia. Durante a fuga, os detentos invadiram uma residência e fizeram um casal refém, levando consigo celulares e carregadores. Após cerca de quatro horas, eles deixaram o local.
Por o antagonista
Publicado em: Política