A Polícia Civil está investigando uma possível ligação entre a Vai-Vai, tradicional escola de samba de São Paulo, e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo informações obtidas pela investigação, a agremiação teria recebido um empréstimo de R$ 300 mil para seu desfile de Carnaval em 2022, envolvendo um ex-diretor suspeito de liderar uma célula da facção criminosa.
A transação está documentada em um processo judicial obtido pelo jornal Folha de S.Paulo. O atual presidente da Vai-Vai, Clarício Gonçalves, confirmou o empréstimo em depoimento à polícia. Beto Bela Vista é apontado pela investigação como uma das lideranças do PCC fora dos presídios, conhecida como “célula externa”.
A polícia afirma que Beto possui um “grande patrimônio proveniente de atividades ilícitas”, que teria sido “ocultado em nome de laranjas e empresas de fachada”. Ele saiu da prisão em 2024, enquanto seu irmão, Luiz Eduardo, conhecido como Du Bela Vista, está detido no presídio federal de Mossoró (RN). Beto nega qualquer envolvimento com a facção criminosa.
Desde 2021, a Vai-Vai ocupa um terreno que pertencia a Beto Bela Vista. A propriedade foi adquirida durante as negociações com a concessionária Acciona para a desapropriação da antiga sede da escola de samba, onde está sendo construída a estação 14 Bis da Linha 6-Laranja do Metrô.
A escola de samba afirma que o empréstimo foi devidamente registrado em cartório e que parte da dívida foi paga, enquanto o restante foi amortizado por meio de contratos de publicidade com Luiz Roberto.
No Carnaval deste ano, a Vai-Vai gerou controvérsias ao retratar policiais militares do choque como seres demoníacos em uma de suas alegorias. Após críticas, a escola emitiu uma nota afirmando que não teve a intenção de promover qualquer tipo de ataque.
Reações políticas
Deputados do Partido Liberal (PL) apresentaram ofícios ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e ao prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), solicitando punições à escola de samba Vai-Vai pelo seu desfile no Carnaval de 2024. Liderados pelo deputado federal Capitão Augusto (SP) e pela deputada estadual Dani Alonso, os parlamentares alegam que a escola “desrespeitou a honra e a dignidade” dos policiais militares ao retratá-los como figuras demoníacas em uma de suas alegorias.
Publicado em: Política
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