Um relatório de inteligência produzido pela Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) alertou no dia 5 de Janeiro sobre a possibilidade de “atos violentos” em Brasília contra o resultado das eleições por parte de CACs. Informações do Jornal Folha de S. Paulo.
O relatório da FNSP listou uma série de mensagens trocadas em um grupo de WhatsApp com 237 integrantes chamado “Rifas tiro e pesca”.
A Força Nacional concluiu que “alguns membros mais exaltados podem vir a concretizar o que planejam e manifestam em suas postagens”.
“No grupo em discussão, percebemos vários diálogos onde integrantes instigam os demais a participarem de um ato que ocorrerá em Brasília no próximo dia 08 de janeiro do corrente ano, não de forma pacífica, mas com o uso de violência mediante a utilização de armas de fogo, bem como explosivos artesanais”, diz o relatório.
De acordo com a Folha, na conversa, os participantes “reclamaram de medidas anunciadas pelo Governo Lula (PT) para endurecer o acesso a armas, trocaram informações sobre a fabricação de armamentos, e se organizaram para uma ação violenta na capital do país”.
“No informe apresentado, em sua grande maioria, os membros do grupo mostram insatisfação com a nova Administração Federal e com as medidas tomadas recentemente, que mudaram as regras de posse e porte de armas em todo o território nacional”, afirmou o relatório da FNSP.
“Por esse motivo, alguns membros supostamente fizeram postagens que mencionam fazer a fabricação e uso de explosivos em manifestações que estão sendo planejadas, segundo os mesmos, para acontecer em Brasília”, concluiu a Força Nacional no documento.
A existência do relatório de inteligência da FNSP é conhecida desde janeiro. Porém, desde então, diferentes autoridades questionadas pela Folha de S. Paulo afirmaram desconhecer o teor do documento.
A lista de destinatários do documento da Força Nacional indicou que uma cópia foi entregue ao diretor da Força Nacional de Segurança Pública e à Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas não citou nomes.
Questionado, o Ministério da Justiça afirmou que quem respondia pelos órgãos na data, respectivamente, eram os delegados Ivair Matos Santos e Tomás de Almeida Viana.
A pasta de Flávio Dino ainda disse que Tomás era “oriundo da antiga gestão” e estava à frente da Diretoria de Inteligência no lugar da antiga chefe, Marília Alencar.
O Ministério da Justiça de Flávio Dino afirmou em nota que não é possível saber o que foi feito a partir do relatório da Força Nacional.
A pasta de Dino disse que o documento foi entregue à Secretaria de Segurança Pública do DF, a quem compete o policiamento da Esplanada dos Ministérios.
“Pelas informações levantadas, não há registros na DIOPI [Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência] que permitam saber que providências foram adotadas na então Diretoria de Inteligência a partir da recepção desse relatório. O envio para a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal decorre do fato de este ser o órgão competente legalmente para o policiamento ostensivo da Esplanada dos Ministérios”, diz a nota encaminhada à Folha de S. Paulo.
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