Nesta segunda-feira (17), a Justiça da França absolveu a fabricante europeia Airbus e a companhia Air France pela queda do voo AF447 Rio-Paris em 2009, que matou 228 pessoas. Segundo a imprensa francesa, não cabe mais recurso à decisão.
O julgamento de dois meses deixou as famílias devastadas pela raiva e decepção. Excepcionalmente, até mesmo promotores estaduais pediram a absolvição, dizendo que o processo não produziu provas suficientes de irregularidades criminais por parte das empresas.
A Air France já indenizou as famílias dos mortos, que vieram de 33 países. Famílias de todo o mundo estão entre os demandantes, incluindo muitas no Brasil.
“Esperávamos um julgamento imparcial, não foi o caso. Estamos enojados”, disseu Danièle Lamy, presidente da associação Entraide et Solidarité AF447 (Cooperação e Solidariedade AF447), que representa os parentes das vítimas.
“A própria aviação, após este acidente, implementou 12 novos regulamentos. Então temos a comprovação de várias falhas técnicas. O que podemos dizer é que o nosso acidente serviu para ajudar e preveniu que outros acidentes viessem a acontecer. Mas é muito decepcionante. O que nos conforta é saber que esse acidente mudou a história da aviação”, disse Renata Mendonça ao g1. Ela perdeu o marido no acidente com o voo Rio-Paris em 2009.
“Não esperava essa decisão. A gente sempre tem aquela esperança de que a coisa vai caminhar diferente. Eu devolvo à França a frase Charles de Gaulle, ex-presidente da França, de que o Brasil não era um país sério. A França não é séria. Esperava que eles fossem condenados. A Air France por não ter a decência de manter regularmente a manutenção no avião, e a Airbus por ter fabricado um avião assassino e continuar voando”,, disse Nelson Faria Marinho, diretor da Associação das Vítimas do Voo 447.
“O legado que eles deixaram foi de destruição, não só financeira, mas emocional. Você me fazendo essa pergunta hoje, parece que o acidente foi ontem. Isso vai se arrastar para o resto da vida. Eu já perdi pai, mãe, irmãos, mas a perda do filho não consigo traduzir em palavras”, acrescentou Marinho.
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