A imprensa francesa desta terça-feira (22) trata da instabilidade política no Brasil. O jornal Le Monde destaça o sumiço de Bolsonaro, enquanto o diário econômico Les Echos aborda a desconfiança que Lula inspira nos mercados ao querer privilegiar projetos sociais.
“Bolsonaro perdeu a eleição, mas venceu a batalha das ideias” é o título de um artigo de opinião publicado pelo correspondente do jornal Le Monde no Rio de Janeiro, Bruno Meyerfeld. No texto, o jornalista faz a pergunta que não quer calar no Brasil: o que acontece com Bolsonaro? “Desde sua derrota, em 30 de outubro, o presidente permanece tão silencioso quanto ausente”, afirma a coluna.
Bolsonaro “não fala mais, não tuíta mais e abandonou até suas tradicionais lives de quinta-feira nas redes sociais. Sua agenda segue desesperadamente vazia”, escreve Meyerfeld. As tarefas mais urgentes são desempenhadas pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, reitera o artigo, lembrando que o líder do PL não quis ir nem à COP27, nem à cúpula do G20. “Seus próximos o descrevem como “apático” e até depressivo, publica Le Monde.
No entanto, apesar do sumiço, a história política de Bolsonaro está longe do fim. O movimento que o líder da extrema direita brasileira criou “segue em posição de força”, afirma o artigo em referência às manifestações golpistas.
Lula sob vigilância
O jornal Les Echos prefere abordar o governo de transição. “O mercado coloca Lula sob vigilância negativa” é o título de uma matéria assinada pelo correspondente do diário em São Paulo, Thierry Ogier.
O texto destaca que desde o final do mês passado, a Bovespa recuou em 5,2% e o dólar subiu 4%, devido ao projeto de orçamento bilionário para lutar contra a pobreza. Segundo Les Echos, os investidores veem Lula como provocador ao privilegiar a responsabilidade social.
O diário sublinha que o projeto de emenda constitucional que prevê a suspensão do princípio do teto dos gastos públicos por prazo indeterminado desagrada os mercados. Mas, ao que tudo indica, o presidente eleito parece disposto a travar uma queda de braço desde a fase de transição. Um comportamento que apenas inspira a desconfiança dos economistas liberais, conclui Les Echos.
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