Augusto Aras (foto), o procurador-geral da República, fez um discurso para integrantes da Força Aérea nesta terça-feira (30) recheado de recados endereçados a Alexandre de Moraes, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que comanda o inquérito que agora inclui empresários bolsonaristas que estariam tramando um golpe de estado, caso Jair Bolsonaro não vença as eleições.
“Cumpre a cada instituição o desempenho do seu papel, que a Constituição, como ‘carta de competências’, designou com meridiana clareza”, disse o PGR aos militares. “Só assim poderemos ter um sadio ‘garantismo institucional’.”
Em outro momento, o chefe do Ministério Público lembrou que o Judiciário age dentro do que ordena a Constituição e as leis. “Nós, do sistema de Justiça, não recebemos voto do povo”, afirmou. “Quem recebeu voto do povo foram os parlamentares, o presidente da República, o prefeito, o governador, o deputado, o vereador.”
Na semana passada, Aras reclamou que não havia sido avisado formalmente pela Suprema Corte sobre a investigação a respeito dos empresários bolsonaristas. O seu descontentamento ficou ainda mais claro quando se noticiou que mensagens trocadas entre Aras e um dos investigados — Meyer Nigri, da Tecnisa — constariam das conversas privadas que serviram de base para que a PF fizesse uma operação de busca e apreensão em endereços dos empresários. Nigri e Aras são próximos, a ponto de o PGR tê-lo citado em seu discurso de posse.
Apesar das farpas, Moraes e Aras se encontram hoje, às 17h, no TSE, atualmente presidido pelo ministro.