Os cabeças do negócio prometiam reduções de 50% nas parcelas dos empréstimos mediante uma espécie de portabilidade feita pela empresa
Os cabeças do negócio prometiam reduções de 50% nas parcelas dos empréstimos mediante uma espécie de portabilidade feita pela Inside, sempre em parceria com operadoras de crédito e algumas instituições financeiras. Para consumar o golpe, funcionários entravam em contato com os servidores públicos pelo telefone, oferecendo a oportunidade de negócio.
Para fechar o contrato, a empresa cobrava que o servidor fizesse um novo empréstimo e, assim, a Inside depositaria na conta do cliente valores relativos a 50% da parcela do empréstimo consignado com outros bancos. “Nada mais era do que chamam de cessão de crédito ou redução mediante troco. A portabilidade é falsa. A questão é que depois de alguns meses a empresa deixa de pagar e some com o dinheiro do empréstimo que havíamos negociado com eles”, explicou um policial militar do DF ouvido pela coluna.
O policial teve sua condição financeira comprometida após o golpe. Segundo ele, o valor total do empréstimo que ele tinha com o banco era de R$ 110 mil, e seguia pagando parcelas de R$ 2,3 mil. “O problema é que agora, além das parcelas do consignado que eu já tinha, ainda tenho que pagar outras 96 parcelas de R$ 900 do empréstimo fraudulento. Meu prejuízo total pode chegar a meio milhão. Acredito que esse esquema conte com algum elo dentro dos bancos, pois essa quadrilha conta com informações privilegiadas”, disse.
Gerentes e laranjas
Casado e com três filhos pequenos, um servidor do Ministério da Cultura que já pagava um empréstimo consignado de R$ 61 mil foi até a empresa após receber várias ligações e fechou negócio para ter as parcelas reduzidas em 50%. “Eu pagava R$ 600 e passaria a receber R$ 300 da Inside após eu pegar um novo empréstimo no valor de R$ 64 mil, pagos em 96 meses. Iria dar um saldo final de R$ 144 mil. No entanto, após sumirem com o dinheiro, passei a pagar R$ 2,3 mil”, desabafou.
No entanto, a Inside figura no nome de Sebastião Gomes de Medeiros que, na verdade, é dono de um humilde quiosque que vende salgados e sucos nas ruas do Rio de Janeiro. Segundo as vítimas, Sebastião seria apenas um laranja usado pelos reais estelionatários. Uma série de ações impetradas pelas vítimas correm na justiça cível e criminal, assim como ocorrências policiais registradas na Polícia Civil do DF.
Empresa abandonada
O representante do empreendimento, Augusto Germano da Silva Kuntze; o contador da Inside, Diego de Farias Tenorio, e o advogado Ricardo Habib Campbell também não foram mais localizados por nenhum dos clientes que desejavam reaver o dinheiro. A reportagem esteve no local onde funcionava a empresa, e não encontrou qualquer sinal de alguém que pudesse falar em nome da Inside. Todos os telefones também estavam desativados.
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