Júlia Sudério é estudante de medicina veterinária e ligada à causa animal. Foi ela quem fez o resgate do cãozinho. “Eu estava trabalhando e aí o pessoal, que já me conhece e sabe que eu estou sempre tentando ajudar os animais, me chamou no serviço e falaram que tinha um rapaz judiando de um cachorro”, relembra.
O animal foi encontrado enquanto era transportado em um saco por um homem, no bairro Nossa Senhora de Fátima. “Ele disse que ia soltar o cachorro, porque recebeu um maço de cigarro para poder descartá-lo no ribeirão. A dona alegou que ele estava doente e que não tinha condições de cuidar”, relembra Júlia.
O homem fugiu e a estudante logo pediu uma faca aos moradores, para que pudesse soltar o animal. As patas do cão estavam amarradas com um cadarço e sua boca presa com fita. O cãozinho, que estava magro e assustado, recebeu os primeiros cuidados ainda próximo ao local onde foi resgatado.
Após garantir a segurança do bichinho, Júlia localizou o homem e pediu para que ele lhe mostrasse quem era o responsável pelos supostos maus-tratos ao animal. “Fui lá e conversei diretamente com a ex-dona do cachorro e ela confessou tudo. Ela falou que os vizinhos estavam reclamando que ele tava mordendo, por isso ela amarrou a boca dele. Também disse que ninguém quis ajudar ela, que já tinha ido atrás da zoonose e do pessoal que ajuda na causa animal, então essa foi a opção que ela havia encontrado no momento”, diz a estudante.
Um boletim de ocorrência por maus-tratos foi registrado pela Polícia Militar e a idosa de 62 anos foi detida e levada para prestar esclarecimento na delegacia. Agora, a investigação segue com a Polícia Civil.
Desde que foi resgatado, o cãozinho, que foi chamado de Sansão, está sob cuidados veterinários e segue internado em uma clínica. Ele recebeu soro, antibióticos e já está se alimentando normalmente.
O médico veterinário Leonardo Massa Ribeiro afirma que ainda não foi descartada a possibilidade de cinomose, uma doença infectocontagiosa grave, causada por um vírus e que atinge cachorros. “Fizemos um teste rápido, que deu negativo, mas esse teste não é conclusivo”, explica.
O veterinário ainda ressalta que o tratamento de Sansão deve ser longo, mas o bichinho já está disponível para adoção. “A pessoa que tiver interesse em adotá-lo vai ter que ter consciência de que ele vai ter necessidades especiais, um cuidado mais próximo”, diz.
Diante do caso de maus-tratos, Júlia, que tem sete cães em casa, faz um alerta: “quem quer adotar tem que ter consciência que o animal é igual gente, precisa de cuidado e de amor. Não é só água e ração. Se a pessoa não pode cuidar, ela não põe para dentro de casa e não assume essa responsabilidade”.
Créditos: R7.
Publicado em: Política