— Na área onde estão estas indústrias, não falta trabalho em lado nenhum e só não trabalha quem não quer — disse Morgado.
Ao comentar a disputa por funcionários no setor, Morgado ressalta que uma empresa pode tentar retirar trabalhadores formados por uma companhia concorrente para suprir as vagas. Ou até ir mais longe, precisamente para a região Sul do Brasil, onde existe mão de obra qualificada, segundo o diretor.
— Já temos pessoas do Brasil, da região Sul, onde as fábricas de imóveis são fortes. Algumas destas pessoas, os empresários portugueses foram buscar, ajudaram a se instalar encontrar casas e tudo o mais, porque a falta de habitação suficiente tem sido outro problema — contou Morgado.
Uma das funções na linha de produção é a de estofador. Morgado explica que o salário inicial começa nos € 700 (R$ 4,4 mil) e pode ultrapassar os € 2 mil (R$ 12 mil), dependendo do segmento, se a empresa produz artigos luxuosos e etc.
— As pessoas podem ganhar até € 2 mil como estofadores, mas não está sendo fácil encontrá-las. Quanto mais especializado, mais dinheiro vai ganhar. O mercado é diversificado e há sofás de € 300 (R$ 1,8 mil) e € 3 mil (R$ 18 mil), por exemplo. Então, um salário começa nos € 700 para aprendizes e o vencimento mais comum é de € 1 mil (R$ 6,2 mil) ou € 1,5 mil (R$ 9,4 mil), que vai aumentando de acordo com o trabalho. E qualquer empresa paga férias, auxílio de alimentação e subsídio de natal. São 14 salários por ano para 11 meses de trabalho. O problema são os impostos, porque a carga fiscal em Portugal é grande e penaliza o trabalhador — garantiu ele.
O diretor foi um dos primeiros a levantar o problema da falta de mão de obra em Portugal de maneira incisiva. E concorda que os salários baixos, emigração e envelhecimento da população ampliam o drama, que não acabará logo.
— A taxa de desemprego é de 6,1%. Quem são estas pessoas? É gente em trânsito de um emprego para outro e em desarticulação com o que faz ou fez e o que quer fazer. Por isso, há vagas em todo o país, mas em maior número no Porto e Braga, onde estão concentradas as indústrias. Parte das pessoas que trabalham hoje em dia se aposentará em cinco anos, as empresas precisam de gente nova para que possam treiná-los e substituí-los — explicou.
Morgado conta que tem tentado mudar a imagem que se tem das fábricas de móveis para tentar atrair gente.
— Ainda pensam que a fábrica é um negócio feio e sujo. Esta não é mais a realidade e as pessoas têm e ver a evolução. Trabalhar em fábrica hoje é praticamente operar um computador, apesar de ainda valorizarmos trabalhos manuais que as máquinas não fazem — diz ele, que tem recebido dezenas de currículos por e-mail e encaminhado às fábricas.
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Até abril deste ano, o setor havia retomado aumentado em até 29% as exportações, quase o mesmo nível pré-Covid-19. Segundo Morgado, os principais mercados são a França, Espanha, Alemanha e Estados Unidos.
Publicado em: Política