Poucos dias para o início da campanha eleitoral deste domingo, 27, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (2007-2014) resolveu participar. Mesmo que de forma indireta. Ele está preso no presídio de Bangu 8 desde o fim de 2016 condenado a quase 300 anos de prisão por corrupção. O perfil de Cabral no Instagram, administrado pelo filho, o ex-deputado federal Marco Antônio, e por seus advogados, publicou fotos de três dos 14 candidatos a prefeito da capital: Eduardo Paes (DEM), Delegada Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT). O trio é ex-aliado, mas, atualmente, não quer que a imagem seja associada a Sérgio Cabral. A conta na rede social está registrada como “Cabral Fatos & Ideias” e possui até o momento 1.053 seguidores.
Em 31 de agosto, Cabral e Paes posam para imagens no canteiro de obras do Maracanãzinho, em 2007, ano dos Jogos Pan-Americanos, no Rio. Na mesma foto, está Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e preso na Operação Unfair Play, um desdobramento da Lava Jato. Ele foi acusado de intermediar a compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro para ser a sede dos Jogos Olímpicos. Além de Nuzman, há a presença ainda o deputado federal Orlando SIlva (PCdoB), à época ministro do Esporte.
No último sábado, 26, véspera da campanha municipal, Eduardo Paes publicou um vídeo nas redes sociais. Ele diz ser um candidato “ficha limpa” Paes é réu na Justiça Eleitoral por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica suspeito de caixa 2 na campanha de reeleição, em 2012.
“Eu tenho quase 30 anos de vida pública. Sempre levei uma vida normal. Eu tenho muitos defeitos, mas desonesto eu não sou. Por isso, eu quero pedir a você, meu eleitor, você que já decidiu votar em mim. Tenha orgulho e não se acanhe em pedir votos aos seus vizinhos, aos seus amigos e familiares. As denúncias que fazem contra mim, em relação a Cabral, Odebrecht e outras não param de pé. É puro jogo político. Eu venci todos os processos nos quais eu fui envolvido ou acusado. E vou vencer todos os que vierem, porque eu nunca cometi qualquer ilegalidade à frente da Prefeitura do Rio. Quem me conhece sabe disso. Eu não enriqueci na política. É verdade, existe corrupção dentro da política, na polícia, no esporte e até nas igrejas. Mas ninguém, ninguém mesmo, devia ser condenado pelas pessoas só porque foi amigo ou colega de trabalho de alguém que se sujou”, declarou Eduardo Paes.
Neste domingo, o alvo de Sérgio Cabral foi a deputada estadual Martha Rocha. A parlamentar era chefe da Polícia Civil na gestão do ex-governador. Cabral, no entanto, publicou uma foto com a candidata do PDT durante a inauguração da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Cerro Corá. Na imagem, Martha discursa e, logo atrás, estão Cabral, o ex-governador Luiz Fernando Pezão, também preso na Lava Jato, e o ex-secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame, além de comandantes da Polícia Militar, policiais e convidados. Martha também é lembrada por Cabral no último dia 3, quando os dois participaram da inauguração de uma delegacia.
No mesmo dia, Sérgio Cabral citou a deputada federal Benedita da Silva, outra ex-governadora do Rio e hoje candidata petista à Prefeitura da capital. No perfil “Cabral Fatos & Ideias”, está escrito: “Solidariedade e apoio para a grande mulher guerreira Benedita da Silva!”. Na foto, a parlamentar está na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos, no Centro, para prestar queixa pelo crime de racismo, injúria e difamação contra os ataques por ela recebidos naquela semana.
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