Medidas para combater o novo coronavírus estão se tornando mais rigorosas. As autoridades de Nova York (EUA), por exemplo, enviaram uma mensagem forte a seus habitantes: “Todos deveriam se comportar como se já estivessem expostos ao coronavírus”.
A pesquisa mostra que duas em cada três infecções do novo coronavírus foram causadas por pessoas que não foram diagnosticadas com o vírus ou que não apresentavam sintomas.
“A explosão de casos da covid-19 na China [doença causada pelo vírus] foi em grande parte causada por pessoas com sintomas leves, limitados ou inexistentes que não foram detectados”, disse Jeffrey Shaman, professor de Ciências da Saúde Ambiental da Universidade Columbia e coautor da pesquisa.
Isso significa que as pessoas infectadas que se sentem saudáveis ou têm sintomas muito leves estão espalhando o vírus sem perceber.
Transmissões secretas
As descobertas de Shaman revelam que o número real de pessoas infectadas em todo o mundo é muito maior do que o mostrado por números oficiais, porque muitas pessoas não sabem que têm o vírus e o transmitem.
Shaman chama esse fenômeno de “transmissão secreta” e argumenta que ela representa um grande desafio para conter o surto.
Os cientistas dizem que a probabilidade é que haja entre cinco e dez pessoas sem diagnóstico para cada caso confirmado. Nos estágios iniciais da epidemia na China, o número era de seis ou sete pessoas, mostra a pesquisa.
“Se temos 3,5 mil casos confirmados nos Estados Unidos, pode haver 35 mil”, disse Shaman, citado pelo jornal The New York Times no dia 16 de março.
A nível mundial, se em 18 de março houvesse mais de 200 mil casos confirmados em mais de 150 países, na realidade, mais de 1 milhão de pessoas poderiam estar infectadas, disse Shaman em uma entrevista coletiva citada pelo Washington Post.
O que pode ser feito?
Pesquisas também mostram que os esforços do governo e a conscientização dos cidadãos reduziram a taxa de contágio na China.
Depois que restrições de viagem e outras medidas de controle foram impostas, o vírus começou a se espalhar mais lentamente.
“A maior conscientização sobre o surto, o maior uso de medidas de proteção individual e restrição de viagens ajudaram a reduzir a força da infecção”, diz Shaman.
O estudo alerta que, para controlar a propagação, “é necessário um aumento radical na identificação e o isolamento dos infectados que ainda não foram documentados”.
Enquanto isso, especialistas em epidemiologia recomendam o “distanciamento social”, mesmo entre pessoas sem sintomas, como uma prática eficaz para impedir a propagação do vírus.
O distanciamento social inclui comportamentos como trabalhar em casa, sair sozinho para lugares essenciais, como supermercados, evitar multidões e evitar o transporte público nos horários de pico.
Por sua vez, a Organização Mundial da Saúde recomenda práticas como:
- Lavar as mãos com sabão frequentemente
- Manter uma distância de pelo menos um metro de alguém que tosse ou espirra
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca
- Cobrir-se com o cotovelo ou um lenço quando tossir ou espirrar
- Procurar ajuda médica se tiver febre, tosse ou falta de ar
Publicado em: Política