Ouça o texto da juíza Ludmila Lins Grilo:
“Tu, ó elevado figurão da magistratura nacional: soube que passas teus dias traçando estratégias para me neutralizar. “Como ousa desafiar-nos a neófita?” És deprimente.
Tentas desesperadamente angariar colegas simpáticos à tua causa de querer me eliminar, mas sei que estás em dificuldade: ninguém te leva a sério. Não deve ser fácil ocupar cargo tão elevado e obter nem meia dúzia de adeptos para a perseguição que desejas iniciar.
Teu cargo é tudo que tens – tua própria substância -, por isso temes perdê-lo tal como tua própria vida. Projetas teus medos em mim, como se meus medos fossem os mesmos que os teus. Achas que compartilho de tua miséria.
Sim, se teu cargo é tua vida, és miserável. Desconheces por completo o sentido de tua própria existência. Tens as pernas trêmulas só de pensar em perder teu cargo e tua posição – e borras as calças só de pensar na possibilidade.
Enquanto lês estas palavras, sentes raiva. Neste momento, procuras meios de calar quem te perturba a alma e desnuda tua inépcia. Estás nu diante de tua própria consciência. Tua ira é compreensível – e até mesmo previsível: é bíblica. As coisas são assim desde o início dos tempos.
Procuras meios de me calar porque te causo incômodos. Logo eu, que consideras tão pequena e insignificante, causando-te incômodos, ó imponente figurão da República! Não te envergonhas? És tão grande e de importância tão monumental, por que te afliges com uma reles como eu?
Minhas palavras te atingem diretamente, ou ao teus benfeitores, de quem vives de lamber as botas – única forma que tens de ter alguma relevância na vida. És lamentável.
Saber que a obtenção de algum valor nessa vida dependeu de alguém que gentilmente concedeu-te um cargo – e ainda assim não receber o alto reconhecimento que desejarias – deve ser desesperador. És mesmo um miserável.
Perdes tuas noites – e tua vida – em claro preocupando-se em como eliminar do mapa miudezas como eu, enquanto eu até ontem desconhecia tua fixação em mim por completo: costumo mesmo dedicar minha atenção a coisas mais elevadas.
Sou-te desagradável e inconveniente, pois, quando apareço, tu te vês defronte à imensidão de tua ignorância. Eliminar-me é como tirar o sofá da sala: estarás satisfeito ocultando tua decadência que continuará a existir.
És um completo engodo: passar toda uma vida posando de erudito e tendo de fingir possuir uma capacidade que não tem, além de deprimente, deve dar um trabalho dos diabos.
Recebo afetos espontâneos que jamais receberás, porque o ser humano corre naturalmente na direção do que os instintos dizem ser-lhe bom. Contigo isso jamais acontecerá, pois és uma falsificação grotesca de virtudes: não emanas positividade alguma.
Minhas palavras podem significar, para ti, o descortino de algo que tu gostarias que permanecesse incógnito e incompreendido, pois te beneficias de certos segredos inconfessáveis. Nesse caso, lamento. Não tenho rabo preso como tu tens – e quero mais é que te lasques.
Deve ser mesmo incômodo ver opiniões que te são repulsivas receberem tamanha aceitação pública. Sei que não tens muita afeição ao contraditório e à divergência – embora exerças a magistratura -, tampouco à liberdade de expressão de que dizes ser defensor. És hipócrita.
Aceitas amizades cabulosas e favores de figurões duvidosos que possam te beneficiar, ao mesmo tempo que enxergas em mim o mal a ser extirpado. Teu aleijado senso das proporções é a própria representação da destruição total do que restou de tua inteligência e de teu caráter.
Sei bem que, ao ler estas palavras, não desenvolverás a humildade ou qualquer destas virtudes que não possuis – isso seria um comportamento dos fortes de espírito, e não de homenzinhos gelatinosos de perninhas trêmulas.
Sentes raiva: estás vermelho e teus dentes rangem, correto? Sofres uma ardência no tórax como se tivesses tomado ácido. Já sei: já estás correndo ao teu grupo de zap, tentando achar algum meio legal de me descartar, mas não consegues nem a lei, nem o apoio. Não és levado a sério.
Tua fortuna é que o teu estado de completa indigência espiritual não é estanque: é possível evoluir até o fim de nossas vidas. Ainda há tempo e salvação. Boa sorte. Com esta vida de bosta e sem sentido, vais mesmo precisar”.
Veja o Vídeo.
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