“Temos que encontrar uma maneira de nos livrar do medo, sair às ruas, protestar e procurar uma união militar para mudar esse sistema político”, disse Rangel, vestido de terno e com uma cópia da Constituição na mão, em um vídeo postado no YouTube no domingo 12. “É hora de se levantar.”


O militar pertenceu ao círculo próximo do ex-presidente Hugo Chávez e participou de uma tentativa de golpe ao lado do falecido líder em 1992.

Desde 2012, Rangel trabalhava na criação de uma joint venture em Cuba. Segundo o venezuelano, esse tempo lhe permitiu observar de perto a realidade de uma sociedade submetida a uma ditadura que já dura 60 anos.

“Os cubanos vivem sob uma pobreza que é atribuída às sanções [americanas] mas isso é falso, há um grupo comunista próximo a Castro que faz com que os recursos, que são muito, não cheguem à população”, explicou.

Segundo a oposição venezuelana, a mesma técnica é usada contra a população no país, “semeando um psicoterrorismo”.

Apesar de o pronunciamento de Rangel marcar outro golpe contra Maduro depois de uma série de deserções semelhantes de altos oficiais este ano, há pouco para indicar que o pronunciamento pode mudar o balanço de poder no país.

Oficiais que abandonaram Maduro fugiram do país e os altos escalões militares –mais notavelmente aqueles que comandam as tropas– continuam a reconhecer Maduro como presidente.

O Ministério da Informação não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações de Rangel.

O comandante da Força Aérea, Pedro Juliac, postou no domingo uma foto de Rangel no Twitter com as palavras “traidor do povo venezuelano e da revolução” impressas na imagem.

Rangel era um oficial militar ativo que fugiu para a Colômbia no mês passado, segundo uma fonte próxima aos militares da Venezuela que pediu para não ser identificada.

Ao contrário de outros oficiais que fizeram pronunciamentos semelhantes, Rangel não expressou apoio a Juan Guaidó — o líder da oposição que invocou a Constituição em janeiro para reivindicar a Presidência interina, argumentando que a reeleição de Maduro em 2018 foi uma fraude.

Mais de 50 países, incluindo os Estados Unidos e a maioria das nações sul-americanas, consideram Guaidó o líder legítimo de Venezuela.

Guaidó e um grupo de soldados convocaram as Forças Armadas em 30 de abril a abandonarem Maduro, mas os militares nunca se juntaram e o levante desmoronou. O governo chamou o evento de uma tentativa de golpe e acusou um grupo de 10 parlamentares da oposição de traição por participarem de comícios naquele dia.

A Venezuela está sofrendo um colapso hiperinflacionário que alimentou um êxodo migratório de cerca de 3,5 milhões de pessoas nos últimos três anos.