A denúncia de candidaturas laranjas mixam após descoberta de que diversos partidos praticaram o mesmo e usaram a mesma desculpa de que essas candidaturas se dão de acordo com a exigência para que as legendas usem 30% em candidaturas femininas e que os valores repassados a elas não reflete se alcançaram os votos necessários para que possam se eleger. Logo é um caso de investigação não só do PSL, mas de todas as legendas, cujas prestações de contas não refletem a realidade de gastos… O vaivém sobre a queda de Gustavo Bebianno envolveu diversas reuniões e deve terminar com uma decisão pessoal do presidente Jair Bolsonaro neste fim de semana ou na segunda-feira. Solução da crise causa mais frustrações do que alívio entre correligionários… Por outro lado, é preciso afastar as investidas dos filhos de Bolsonaro no Palácio do Planalto.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, deve ser o primeiro ministro demitido pelo presidente Jair Bolsonaro. Suspeito de liberar verbas para candidaturas laranjas quando ainda era presidente do PSL, o ministro andou ontem na corda bamba em um dia de idas e vindas, mas não conseguiu convencer o presidente Jair Bolsonaro a permanecer no cargo. O chefe do Executivo federal admitiu à cúpula política do Palácio do Planalto que demitirá o ex-mandatário de seu partido. A previsão é de que a exoneração seja publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira.
A permanência de Bebianno era vista como insustentável no Palácio do Planalto. Os núcleos militar e civil trabalharam para demover Bolsonaro da ideia de demissão, mas foram voto vencido. Na tarde de ontem, quando o governo sinalizou que o ministro permaneceria, o cenário era de que a crise não estava totalmente solucionada. Assessores comentavam que o ministro seguia isolado.
A principal sinalização do isolamento e do enfraquecimento de Bebianno foi emitido no início da tarde, quando o posicionamento do governo ainda era pela permanência. O mensageiro da notícia foi o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e não o presidente. A simbologia dos últimos movimentos mostra que a crise instalada depois da interferência do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-SP) nos assuntos de governo não estava resolvida.
Ao bater o pé e decidir ficar no posto ao longo da quinta-feira, Bebianno pediu para falar com o presidente. Com a relutância de Bolsonaro, o ministro acabou sendo comunicado por Onyx, que, na hierarquia do governo, tem o mesmo posto e função. Segundo integrantes da Esplanada dos Ministérios, o chefe da Secretaria-Geral sofreu mais uma dica de que o tempo no governo estava perto do fim, apesar do discurso oficial em contrário dos aliados do presidente.
O recado sobre a permanência de Bebianno foi transmitido por Bolsonaro a Onyx e ao ministro-chefe da Secretaria de Governo em reunião na manhã de ontem, no Palácio da Alvorada. Depois do encontro na residência oficial, o comunicado chegou ao ex-presidente do PSL em reunião no Planalto. Às 17h, o presidente se reuniu com Bebianno no Planalto, ao lado de Onyx e do vice, Hamilton Mourão. O encontro, no entanto, foi avaliado por interlocutores como insuficiente para amenizar o clima de isolamento.
Reuniões
Cerca de 15 minutos antes da chegada de Bolsonaro ao Planalto, que não estava prevista na agenda oficial, Bebianno havia deixado o local. Não participou de uma reunião interministerial marcada para as 15h, da qual Onyx participou. Foi convocado apenas para um encontro seguinte, menor, com Onyx, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e o vice, Hamilton Mourão.
Para um interlocutor, excluir Bebianno da reunião ministerial foi uma sinalização do isolamento do ministro. A expectativa era de que uma nova avaliação sobre a permanência de Bebianno ainda seria feita na segunda-feira. A opção, no entanto, acabou descartada por Bolsonaro, que aceitaria manter o ex-presidente do PSL, mas fora do governo, em uma estatal. Bebianno teria dito não à proposta.
A notícia não pegou bem entre correligionários. O ministro era o principal canal de interlocução com deputados e senadores do partido, que consideram Onyx tóxico. O mesmo vale para o maior desafeto do ministro da Casa Civil, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Para um parlamentar, o presidente poderia ter convocado a bancada para dar explicações antes de adotar a decisão.
Recado
O principal recado com a demissão de Bebianno é o que interlocutores do governo e aliados mais temiam: a vitória de Carlos. Para um deputado, exonerar Bebianno expressa o poder de ingerência do filho sobre a decisão do presidente. A avaliação é de que é preciso controlar o pivô da crise, responsável por ter publicado um áudio em que Bolsonaro nega uma conversa a Bebianno por motivos clínicos, quando ainda estava hospitalizado em São Paulo. “Achei que a crise talvez tenha ajudado o governo a se desvencilhar dos filhos. Precisamos de um centro de poder institucional, e não informal”, ponderou.
A demissão frustrou a Casa Civil. Os responsáveis pela articulação política esperavam que a crise fosse superada e, enfim, reforçassem as conversas com os parlamentares para a construção da base de apoio à reforma da Previdência. Nos últimos três dias, Onyx passou mais tempo tentando equacionar a crise do que fazendo a interlocução com o Congresso. “A expectativa do ministro era passar a página para poder entrar de cabeça na reforma. Qualquer turbulência é ruim, pois favorece a oposição, disse um interlocutor da pasta.
Publicado em: Governo