Por João Melo e Sousa Bentivi
O pleito foi ruim para o PSDB maranhense e, daí, surgem todos os tipos de comentários, alguns sérios, porém a maior parte, eivados de deboche e escárnio.
Foi um pleito singular e apropriado para a existência de uma terceira via. O candidato mais preparado para sê-la era o Roberto Rocha. Os dois grupos hegemônicos disso sabiam e, de maneira articulada e coesa, eliminaram a ameaça: Roberto Rocha.
O sarneisismo entendia ser difícil ganhar, mas seria desmoralizante ser o terceiro, ou ter que apoiar a terceira via. O governador tinha certeza que contar com rejeição de Roseana era muito mais confortável que enfrentar o preparo e inteligência do Roberto. À moda maquiavélica, os dois lados adversários entendiam que o inimigo era o Roberto. Nesse particular, Roseana e Flávio Dino eram perfeitos aliados.
Não falarei do cerco partidário do Palácio dos Leões contra o Roberto. Basta dizer que nesse palácio deve ter um contágio diabólico: mudam os nomes, mas não mudam os métodos. Deu certo e, sob as bênçãos de Stálin, uniram-se alhos e bugalhos, comunistas e fascistas, fervorosos e ateus, tudo em nome de Cristo ou das moedas de Iscariotes.
Entrementes, Roberto subia ou descia do calvário. Uma chapa proporcional pequena e de abnegados, recursos ínfimos, inclusive zero centavo para os deputados estaduais, acrescido de um drama familiar enorme, equivalente ao tamanho do problema de saúde de um ente querido. Ademais, o desempenho pífio do candidato presidencial do partido foi contraproducente para o desempenho estadual.
Muitas vezes, preocupado, comentava internamente: o Roberto vai desistir. Não desistiu e isso é de merecer admiração daqueles que possuem um mínimo de bom senso. Persistiu como fazem os fortes e o não êxito eleitoral não o diminui, pelo contrário, determina admiração e respeito.
Tudo isso já é passado e importa o futuro.
Roberto é Senador da República com quatro anos de mandato, o PSDB, apesar dos pesares, continua como um partido nacional e haverá de se reciclar, quem sabe começando pelo Maranhão. Esse Maranhão, cansado de guerra, continua repleto de problemas e somente essas considerações demonstram a importância do PSDB.
Entretanto mudanças são impositivas. Há de se refazer, chamar novas lideranças, construir novas lideranças, abrir espaços nas instâncias partidárias, resgatar os soldados feridos e transformá-los novamente em combatentes.
Tudo isso é possível, exequível e depende de todos nós, mas muito mais do Roberto Rocha. A derrota de 2018 pode ser a semente que germinará os frutos de 2020 e 2022. Creio que vai ocorrer e muitos companheiros, eu incluso, esperam essa nova oportunidade.
Ah! Ia esquecendo. Entre os erros cometidos, quero apontar um, aliás, dois: a pior chama senatorial possível. Podíamos passar muito bem sem ela. Não passamos. Uma pena.
Publicado em: Governo