Ao longo das décadas, criou-se uma degradante cultura de não pagamento dos honorários dos médicos por prefeitos do interior do estado, o que foi infelizmente adotado como uma postura passiva pela classe que se habituou a levar calotes de toda a monta, independente ou não da cronologia das gestões , ou seja, quer no início, no meio ou no final , ainda que acordos na grande maioria das vezes fossem “de boca ” , o erário é público e não pertencente aos prefeitos, ou seja, não se paga por pura má fé.
O Médico é um profissional liberal que ao longo dos anos se despolitizou dos seus direitos classistas e trabalhistas , pensando apenas em trabalho para sua sustentabilidade e da sua família e assim, consumido pelo tempo , deixou de lutar pelos seus diretos mínimos como profissional liberal que é o de trabalhar e receber pelo ser laboro, sendo praticamente um escravo de gestores inescrupulosos e da sociedade que ainda observa no Médico a figura do sacerdote, porém sacerdócio não pode ser confundido com mendicância, principalmente por quem exerceu suas atividades profissionais sendo assim enganado e ludibriado, onde ainda observa-se de forma mais asquerosa a postura de prefeitos que são Médicos e de “colegas” que assumem o posto de trabalho de outrem que foi demitido e pior sem receber seus vencimentos e sem nenhum direito trabalhista, o que ocorre não somente nos interiores, mas na capital também.
Isso sem contar com as condições de trabalho, com faltas de insumos e materiais, quais são submetidos os Médicos dos interiores para exercer a Medicina com dignidade, pois são acima de tudo guerreiros e salvaguardores da vida humana e que trabalham muitas vezes no improviso e nas condições mais insalubres possíveis, fatos que também infelizmente ocorrem em São Luís .
A segurança para todos os profissionais Médicos, passaria por um concurso público na esfera estadual com implantação de um PCCV ( plano de cargos, carreira e vencimentos) , para que houvesse progressão do médico que inicia suas atividades profissionais nos interiores e progredisse para a capital, tal qual ocorre no judiciário, lembrando aqui que isso fora promessa de campanha do Governador Flávio Dino , no auditório do CRM às vésperas de sua eleição e que até agora se trata apenas de uma promessa de campanha não cumprida e que será relembrada pela classe médica nas próximas eleições , caso não haja seu cumprimento.
Enfim, como diz o ditado popular “quem tem vergonha não envergonha os outros”, por isso senhores prefeitos tenham no mínimo de decência, prudência e bom senso e não deixem de pagar os honorários dos médicos numa situação verdadeiramente vexatória, que como todos vós sabeis esse profissionais merecem receber pelas suas atividades laborais exercidas e pelo “suor de seu rosto”.
Érico Cantanhede
Presidente da A.M.E.S.S. ( Associação dos Médicos do Socorrão I e II )
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