O povoado de Jacamim, localizado entre o estreito dos Coqueiros e a ilha de São Marcos, fica a 20 km da capital São Luís, mas compõe um cenário de verdadeiro contraste social. O acesso à pequena ilha é feito apenas por via marítima, o que dificulta o dia-a-dia de quem precisa ir e vir.
Fazem parte dessa ciranda diária, as crianças moradoras do Coqueiro, matriculadas na UEB Nossa Senhora das Mercês. Para chegar à escola, elas precisam atravessar o estreito e percorrer, aproximadamente, 10 km por terra.
Nada disso seria um problema se a Prefeitura de São Luís, no mero cumprimento de seu papel, disponibilizasse transporte adequado para a comunidade escolar. Porém, seguindo a linha de descaso adotada em todo o âmbito educacional público do município, o acesso à unidade é limitado e gera problemas graves como a evasão escolar.
As lanchas da Prefeitura estão encalhadas desde o ano passado e o único ônibus que transporta os alunos até a escola tem capacidade apenas para 16 pessoas.
Com a falta de transporte escolar, o custo para chegar a até a escola é alto para aquela comunidade. Barqueiros autônomos fazem a travessia da população e não oferecem requisitos básicos de segurança como colete salva-vidas. Como consequência, a escola que poderia atender a 200 estudantes conta com apenas 85 matrículas.
“Cada travessia de canoa custa R$ 1,00. Eu tenho três filhos que precisam ir e voltar todos os dias. De onde eu vou tirar R$ 6,00 para que os três cheguem até a escola?”, justificou um morador.
Além de os professores não dispõem do benefício do terço de hora atividade, os contratados também não recebem vale transporte. E o alto custo do deslocamento faz com que as aulas sejam ministradas apenas às segundas, terças e quartas-feiras (pela manhã); e às terças, quartas e quintas-feiras (pela tarde).
Com tantos atropelos, o ano de 2014 fechou com apenas 48 dias letivos e 2015 nem tem data para começar. Além disso, as salas são multiseriadas, ou seja, alunos de diferentes séries ocupam a mesma sala e dividem o mesmo professor e conteúdo.
“Como falar em igualdade de oportunidades diante de um cenário tão lastimável? A educação que o prefeito de São Luís oferece a essas crianças não passa de faz-de-conta”, criticou a presidente do Sindeducação, profª Elisabeth Castelo Branco, que vivenciou, nesta última semana, a experiência diária dos alunos e professores do Jacamim.
Infraestrutura – como se não bastasse a trágica aventura para chegar até a escola, lá chegando, a realidade não decepciona as expectativas geradas pelo tortuoso caminho: o bebedouro não funciona, a estrutura da caixa d’água ameaça cair, as janelas são cobertas com palha para proteger as turmas de sol e chuva, há rachaduras e cupim por todo lado e, ainda, esgoto a céu aberto.
“Incompetência administrativa não justifica toda essa calamidade. A conduta do prefeito de São Luís e do secretário de educação diante dessa comunidade é desumana”, lamentou, emocionada, a presidente do Sindeducação.
Publicado em: Governo
Infelizmente as ferramentes do sistema educacional foram sucateadas por anos nesse estado. E São Luís, mesmo sendo a capital, não fia atrás. Não tô querendo defender a atual gestão municipal, mas recuperar anos de descaso é muito complicado.
Quem é Elisabeth Castelo Branco para falar de incopetência? Essa senhora não tem tanta moral assim, me desculpe falar. É tanto que, pra mim, ela tem uma parcelinha de culpa também
Eu gostaria muito que essa situação fosse diferente, mas vamos ser realistas. Não há possibilidade de grandes intervenções na capital, como construção de escolas e elaborar redes de tráfego para comunidades distantes, por exemplo. O recurso é pouco para a o tamanho das ações.
Custo acreditar nesse titulo e na materia sobretudo por generalizar a educação ludovicense de maneira que coloque a culpa no prefeito.