A nota foi divulgada após a publicação em um blog, de um caso de suicídio na cidade

O Centro Acadêmico de Jornalismo Maciel (CAJAM) divulgou nesta terça-feira (8), em sua página no Facebook, uma Nota de Repúdio. A nota foi motivada pela publicação do caso de suicídio de uma jovem, em um blog da cidade, por ferir os princípios éticos do jornalismo.

Os estudantes desaprovam a postura de parte da  imprensa local, em relação à cobertura de assuntos de morte e violência. De acordo com a nota, o desrespeito aos Direitos Humanos e ao Código de Ética da profissão tem sido cotidiano. A nota afirma ainda que existe um consenso entre os profissionais da área de não noticiar suicídio. Eles declaram que a maior parte da  imprensa na cidade busca audiência, desrespeitando a intimidade e privacidade do cidadão. Os estudantes destacaram o modo parcial e superficial como o assunto foi tratado. Segundo eles, “as motivações do indivíduo que comete suicídio são íntimas e particulares”.

A Coordenadora de movimento estudantil Juliana Eugênio, afirmou que já aconteceram vários outros casos, que foram divulgados da mesma forma. “Essa questão já é antiga e nos incomoda como acadêmicos, inclusive já nos posicionamos nos comentários dos blogs quando a irmã de uma colega nossa de curso foi morta e exposta da forma mais degradante possível. No entanto, o blogueiro sequer retirou a matéria.”

A professora de Jornalismo e doutoranda em Comunicação Social, Denise Ayres explica que a notícia de suicídio pode induzir outras pessoas a fazerem o mesmo. “O suicídio é assunto de saúde pública, normalmente relacionado a alguma doença mental e o Brasil é o oitavo país em número de suicídios”.

Denise destaca o dever do jornalista, que é de informar e orientar as pessoas com o objetivo de prevenir o ato do suicídio. “A notícia que lemos no blog sobre o suicídio de uma jovem não é jornalismo, mas, a exploração abusiva de uma tragédia particular. A notícia, além de mal escrita, não respeita os princípios básicos do jornalismo”.

A professora afirma ainda que é preciso tomar uma atitude. “Acho que é hora de a população imperatrizense unir forças e pedir a intervenção do Ministério Público para coibir esse tipo de prática absurda e sensacionalista.”

Veja a Nota na íntegra:

 NOTA DE REPÚDIO

Os estudantes de Jornalismo da UFMA – Imperatriz tornam público o repúdio à postura de parte da imprensa local, em relação à cobertura de assuntos de morte e violência.  O desrespeito aos Direitos Humanos e ao Código de Ética profissional tem sido prática recorrente da imprensa desta cidade. Em especial, destacamos o caso da cobertura da morte de uma colega do nosso curso.
Há um consenso entre os profissionais de Jornalismo de não noticiar suicídio, por uma questão ética. A atitude assumida por algumas pessoas da imprensa, motivadas pela busca da audiência e do aumento de acessos a blogs, fere o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, que assim declara no Capítulo III: Art. 11. “O jornalista não pode divulgar informações: II – de caráter mórbido, sensacionalista ou contrárias aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes”. E ainda no Capítulo II, Artigo 6º, em que declara que é dever do jornalista: “VIII – respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão.” Além disso, repudiamos o modo parcial e pouco profissional como o assunto foi abordado, uma vez que as motivações do indivíduo que comete suicídio são íntimas e particulares.

Estudantes de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão.

  Publicado em: Governo