E ela está errada em sua avaliação, já que o partido saiu menor? Erundina: “PSB hoje não é nada, está sem identidade pelos erros” da eleição

Publicado em   15/dez/2014
por  Caio Hostilio

Ao Valor, a deputada federal que caminha para o último mandato ainda disse que o partido não deveria ter apoiado Aécio e nem seguir fazendo alianças e concessões à direita

H_20120619_181015Rumo ao último mandato na Câmara, a deputada federal Luiza Erundina concedeu ao Valor uma entrevista publicada nesta segunda-feira (15), no qual faz críticas ao PSB, seu partido desde 1997, principalmente em função da última eleição presidencial.

Erundina foi uma das coordenadoras da campanha e caminhou bastante ao lado de Marina Silva, cabeça da chapa majoritária, durante a disputa. Porém, não poupou a legenda de críticas pelos erros cometidos na busca pelo principal cargo no Planalto.

Ao jornalista Fernando Taquari, Erundina disse que o PSB, antes de mais nada, “tem que voltar a ser socialista. Hoje, não é nada.” Para a deputada, a sigla está completamente“desfigurada e sem identidade pelos erros todos que cometeu”. Ela citou as concessões feitas a segmentos conservadores, o apoio a Aécio Neves (PSDB) no segundo turno presidencial contra Dilma Rousseff (PT) e, agora, a guinada à direita no Congresso, apesar do discurso de “independência”.

“Essa dubiedade mostra que o PSB não tem um projeto para o país e, pior, está distante de se seus compromissos originais. Um partido não deve existir para disputar o poder a cada quatro anos, mas para propor soluções aos problemas estruturais do país”, criticou.

Para Erundina, a aliança com Aécio esvaziou o discurso de terceira via que o PSB vinha pregando durante a eleição. “O [Eduardo] Campos dizia que deveríamos quebrar a polarização para ser a terceira força. Ao optar por um dos polos, você não só preserva a polarização, como fortalece um dos lados. (…) Discordei da posição de Marina no segundo turno, especialmente da forma como se deu. Ela até colocou o emblema do outro candidato no peito”, comentou.

Ainda sobre Marina, Erundina ressaltou que a ex-ministra do Meio Ambiente entrou para o PSB apenas para viabilizar-se como candidata. Dessa maneira, não há como esperar que Marina represente todos os interesses do Partido Socialista, algo que ficou claro durante a eleição. Agendas históricas do PSB como a regulação da mídia, a soberania brasileira no plano internacional ou mesmo os direitos de mulheres e homossexuais ficaram de fora do programa de governo que Marina apresentou. Ela não deu conta”, opinou Erundina.

Manifestações golpistas

Sobre os atos públicos que pedem a deposição de Dilma Rousseff seja por intervenção militar ou impeachment, Erundina disse que acha tudo “um absurdo, fora de época”. Segundo ela, não há mais “ambiente” para isso, no sentido de que nossa democracia não está suficientemente forte para dar margem a esse tipo de pleito. “A nossa incipiente democracia foi conquistada com perdas humanas. (…) Essas manifestações mostram o atraso da nossa sociedade e o vazio dos partidos.”

Erundina afirmou que não entrará na disputa eleitoral a partir de 2018. Este ano, ela foi eleita com mais de 170 mil votos para seu quinto e último mandato na Câmara Federal. Com 80 anos, a socialista justificou a decisão da seguinte maneira: “Acho que a gente tem que ter consciência dos limites a partir de um certo momento da vida. Tudo tem começo e fim. Agora, o fato de eu não me candidatar mais não significa que vou me afastar da política.”

A entrevista completa pode ser lida aqui. Nela, Erundina ainda faz uma avaliação do governo Dilma, fala de suas prioridades para os próximos quatro anos e critica o trabalho da Comissão Nacional da Verdade.

  Publicado em: Governo

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