É muito comum assistirmos nos diversos programas, principalmente de televisão, sobre ecologia, vermos animais serem libertos para manutenção da espécie. Em alguns desses programas passam os procedimentos e critérios para se soltarem esses animais em seu ambiente natural.
A grande maioria desses animais são apreendidos entre pessoas que: criam os animais sem os devidos tratos (as vezes sem autorização dos órgãos competentes), vendedores inescrupulosos e até mesmo entre traficantes internacionais. Grande parte desses animais, quando da apreensão, estão em estado de saúde debilitados devidos aos maus tratos.
Antes de serem libertos, esses animais passam por um processo de recuperação alimentar e dos órgãos (casos tenham algum problema físico). Durante a recuperação da saúde, esses animais são treinados para aprenderem a viver quando forem colocadas de volta ao seu ambiente natural. Para eles serem soltos é necessário se observar alguns critérios dos locais onde serão libertos, tais como: disponibilidade de água e alimentos. Geralmente são soltos em reservas florestais onde sejam proibidos a caça e recaptura dos mesmos.
Sempre que assisto esses programas de TVs, me lembro do caso da Abolição do Escravos Negros do Brasil e as condições em que foram libertos (ou soltos). Antes de serem libertos eram tidos como animais para execução de trabalhos, na agricultura, mineração, trabalhos domésticos e apanhavam como um outro animal qualquer para execução de tais serviços.
Quando da aprovação da Lei da Abolição da Escravatura, os negros não foram libertos de imediato. Muitas fazendas e minas ainda mantiveram por um bom tempo esses brasileiros trabalhando como escravos e para soltarem os negros exigiram e receberam indenizações para tal. O mais interessante é que enquanto se discutia e se aprovava a Lie de Abolição do Escravos, existia uma outra Lei sendo discutida “ A Lei das Terras” (para saber mais sobre a lei clique aqui), que foi aprovada pouco tempo depois após a aprovação da lei de abolição da escravidão. A Lei das Terras foi criada para permitir o acesso as terras, consideradas dos Estado, por intermédio de compra destas terras em leilões. Na prática dificultou o acesso as pessoas que não tinham recursos financeiros para tal aquisição por intermédio da compra.
Os negros foram soltos sem terem direito de acesso as escolas, sem nenhuma profissão para defenderem o pão nosso do dia a dia, não receberam indenização alguma pelos trabalhos forçados e não puderam ter acesso a um pedaço de Terra para retirarem o seu sustento.
É claro que a pessoa pode imaginar que o tratamento dados aos escravos negros e “índios” serem muito piores que os dados aos animais silvestres, atualmente, foram feitas de maneira inconsciente. Só que não foi tão inconsciente assim! Ao soltar os negros nunca se pensou em aproveitá-los como mão de obra, tanto é que foi liberado, nesta mesma época, a imigração em massa de italianos e posteriormente de alemães (clique aqui). Como os donos de terras, que também controlavam o Estado, não queriam os negros (agora homens livres) e os imigrantes, que chegavam, tendo acesso as terras para plantarem e se tornarem concorrentes, foi aprovada a Lei das Terras restringindo o acesso a terra de milhares de pessoas (negros e imigrantes). Quando ficou restrito o acesso das terras aos imigrantes e os negros, ficou garantida não só a falta de concorrência na produção como também aumentou a oferta de mão de obra mais abundante e consequentemente mais barata.
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