Por que Marina Silva não consegue transformar seus 20 milhões de votos em 500 mil assinaturas para fundar seu partido
Nos últimos sete meses, a ex-senadora Marina Silva e seus aliados não conseguiram transformar o capital eleitoral de 20 milhões de votos, obtidos nas eleições de 2010, em 500 mil assinaturas válidas para registrar seu partido, a Rede, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A imagem de política não tradicional que a ex-seringueira construiu perante o eleitorado até ajudou os chamados “mobilizadores” a convencer simpatizantes da Rede a assinar formulários em favor da criação da nova legenda. Feiras de produtos orgânicos e igrejas evangélicas, onde se encontra o público-alvo de Marina, foram os locais escolhidos para recolhimento de assinaturas. Mas o esforço não foi suficiente para que as adesões passassem no teste da burocracia. Na verdade, sobrou jeitinho e empenho, mas faltou formalidade.
Segundo os cartórios responsáveis por analisar as fichas de filiação fornecidas pela Rede, foram apresentadas assinaturas suspeitas, signatários com ausência de dados eleitorais e até vistos de pessoas que não votam há anos e nem sequer possuem título de eleitor ou estão com o documento suspenso. No afã de alcançar as 500 mil assinaturas necessárias ao registro do partido, a Rede aceitou fichas até de quem preencheu apenas o nome da mãe e a data de nascimento.
Assim, dos 640 mil formulários, 336 mil foram rejeitados pelo TSE. Para o partido ser oficialmente criado ainda faltam 100 mil assinaturas válidas. “A coleta foi feita nas ruas. Às vezes a pessoa assina mais para se livrar da gente”, reconheceu o deputado Domingos Dutra (MA), que trocou o PT pela Rede.
Publicado em: Governo