Eles são contra a PEC 37, querem a corrupção considerada crime hediondo e o fim do voto secreto
JB
Cerca de 150 manifestantes participaram nesta sexta-feira (19), no Centro do Rio, do protesto nomeado de Dia do Basta à Corrupção. Eles se reuniram na Candelária e, por volta das 18h, caminharam pela Avenida Presidente Vargas até a estação Central do Brasil, o que acabou gerando grande transtorno no trânsito na véspera do feriado de São Jorge. Durante a concentração e a caminhada foram distribuídos panfletos para divulgar a causa.
O objetivo da manifestação, que ocorrerá em 78 cidades do Brasil e do mundo até domingo (21), foi reivindicar contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que retira do Ministério Público (MP) o poder de investigação; pedem o fim do voto secreto dos parlamentares e do foro privilegiado e, também, exigem que a corrupção seja considerada crime hediondo.
Mesmo com quatro reivindicações, os manifestantes deram ênfase à questão da PEC 37 e ao fim do voto secreto parlamentar. As duas propostas foram motivo de abaixo assinado durante o protesto.
“São dois temas ligados diretamente à prática da corrupção e à impunidade. O voto dos parlamentares aberto é mais fácil de fiscalizar, tanto para o Ministério Público como para a própria população. O MP é o defensor do estado democrático de direito. Lutamos pela intenção de aumentar o número de órgãos fiscalizadores”, afirmou uma das coordenadoras nacionais do Dia do Basta à Corrupção, Gerusa Lopes.
Gerusa reconhece que muitas pessoas não têm conhecimento em relação às reivindicações do protesto, no entanto, diz que a culpa não é delas, e sim da mídia televisiva, que segundo ela deixa de noticiar esses problemas.
“A nossa intenção é mobilizar as pessoas. Essa marcha é um cartão postal para as pessoas que estão tendo conhecimento dos objetivos do protesto agora e, a partir daí, começar a levar os nossos objetivos para frente. Temos que acostumar os brasileiros a assinarem esses abaixo-assinados até conseguirmos gente suficiente para iniciarmos leis de iniciativa popular”, ressaltou a manifestante.
Coordenador do movimento no Rio de Janeiro, Fabrício Silva exemplificou a importância do fim do voto parlamentar secreto.
“O Renan Calheiros foi eleito presidente do Senado por causa do voto secreto. Se a votação fosse aberta, saberíamos quem foram os senadores que votaram nele e divulgaríamos isso para toda a população. Lutar pelo voto parlamentar aberto é lutar pelo aumento da democracia no Brasil, pois a população saberia, e tem direito de saber, em quem e como seu candidato votou”, disse Silva.
Em relação à PEC 37, Silva explica que a investigação não pode partir da polícia. “Como a polícia vai investigar o governo, se esta é subordinada ao governo?”, indaga o manifestante.
Uma das pessoas que participaram da manifestação foi a aposentada Angela Chagas, de 64 anos. Mesmo sofrendo de enfisema pulmonar, ela diz que não poderia deixar de participar do protesto.
“O voto secreto é a coisa mais absurda que já vi. Eu elejo um candidato e quero saber o que ele vota, pensa e faz para saber se continuo ou não votando nele. Já a PEC 37 é safadeza dos políticos. Muita coisa que veio à público, foi o Ministério Público que descobriu. Eu mesma já denunciei. É por essas coisas que eu não me recuso a participar desse tipo de protesto, mesmo parando no meio da caminhada para tomar medicamento para o meu enfisema pulmonar”, afirmou a aposentada.
Publicado em: Governo
[…] Fonte: Caio Hostilio […]