Carta ao Jornal O Globo‏

Publicado em   10/maio/2012
por  Caio Hostilio

Ao jornal O Globo

Seção Cartas dos Leitores

Prezado Editor,

Sobre a matéria “No Maranhão, miséria e culto aos Sarney”,  publicada em 7/5, convém esclarecer que, no governo José Sarney (1965-1970), segundo Veja (11/3/70), houve uma “revolução na administração”, chamada de “milagre maranhense”. Os investimentos decuplicaram, aumentando em 2.000% o orçamento do estado, mudança que nunca mais viria a acontecer. Foi construída a usina hidrelétrica de Boa Esperança, na fronteira sul do Maranhão com o Piauí, pela Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança (Cohebe), que passou a fornecer energia a cerca de 40 cidades do interior dos dois estados e parte do Ceará.

Ainda segundo Veja (4/2/1976), nos quatro anos da administração Sarney, o estado pulou de 0 para 500 km de estradas asfaltadas – e mais 2000 km de estradas de terra -. Criou-se rede de telecomunicações cobrindo 85 municípios; elevou-se de um para 54 o número de ginásios estaduais e ampliaram-se de 100 mil para 450 mil as matrículas escolares. No início de 1970, Sarney inaugurou a ponte São Francisco, sobre a foz do rio Anil, ligando a ilha de São Luís  ao continente. A construção já havia passado ao domínio da lenda, pois se estendera por vários governos. A construção do porto de Itaqui, a barragem do rio Bacanga e o planejamento da cidade industrial foram outras iniciativas.

Quanto ao governo Roseana, a referida matéria afirma que por suposta piora nas condições socioeconômicas do estado, teriam diminuído de 1.331.864 pessoas, em 1996, para 994.144 pessoas ocupadas no campo, êxodo migratório mais espetacular do que os provocados pelos deslocamentos humanos impostos aos judeus pelos nazistas na Alemanha ou os pogroms soviéticos.  Fiquemos com os fatos. Na área da educação. Pelos relatórios publicados pelo PNUD/IPEA, no que se refere aos gastos totais com “Educação e Cultura”, de 1995 a 2002, período que correspondente aos dois primeiros mandatos da governadora Roseana Sarney (em valores da época), o Maranhão chegou muito próximo da universalização do ensino fundamental. 96% das crianças de 7 a 14 anos passaram a freqüentar a escola. No ensino médio a oferta de vagas foi dobrada. O número médio de anos de estudo, para a população acima de 25 anos, em 1995, quando Roseana iniciou o seu primeiro mandato, era de 3,2 anos. Em 2003, quando terminou o segundo mandato, já era de 4,3 anos de freqüência em salas de aula. Aumento de 1,1 ano no período – índice maior do que a média de crescimento do Nordeste, que foi de 0,93 ano estudado. Em todo o Brasil, o Maranhão de Roseana ficou atrás apenas de Sergipe, que teve um crescimento de 1,32 ano de estudo.

Quanto à urbanização, pelo percentual de pessoas que vivem em domicílios urbanos com serviço de coleta de lixo, em 1991, era de apenas 26,32% da população, passando para 53,25% no ano 2000. Aumento de 26,93%, sendo o estado que mais cresceu no período não só no Nordeste, mas em todo o País, neste aspecto.  Assim como na coleta de lixo e no caso do tratamento de esgoto, na escala convencionada pelo IPEA, de 0 a 1, verificando-se o percentual da população que vive em domicílios com abastecimento adequado de água, o Maranhão evoluiu de 0,31%, em 1995, quando Roseana Sarney assumiu seu primeiro mandato, para 0,54% no final de seu segundo mandato, em 2003.

Uma melhoria de 0,23%. O terceiro maior aumento entre todas as unidades federativas. Perdeu apenas para o Ceará e o Tocantins. O Ceará, governado pelos tucanos, foi um dos estados que mais recebeu ajuda de FHC nos anos 90. Por isso, passou de 0,45% em 1995 para 0.70% em 2003, uma melhoria de 0,25%, pouco mais do que o Maranhão. Pelos percentuais de pessoas ocupadas com carteira de trabalho assinada, segundo dados do IPEA, no período compreendido entre 1995 e 2002, o Maranhão passou de 0,29% em 1995, para 0,36% em 2002, tendo um aumento de 0,12%, disparado o melhor resultado de todo o Brasil no período – a média brasileira é de 0,04%.

Atenciosamente,

Fernando Cesar Mesquita

Secretaria Especial de Comunicação Social do Senado Federal 

 

  Publicado em: Governo

4 comentários para Carta ao Jornal O Globo‏

  1. Mario disse:

    Tá certo então porque o secretário Gastão Vieria apresentou um relatório que afirmava que a decada de 90 foi a decada perdida. Ou porque com esses dados apresentados somos o SEGUNDO Estado com maior percental de pobreza extrema?

  2. Fernando disse:

    Os dados estao ai, sao reais, existem inumeras melhorias, logico, voce nao postou uma matéria com dados relatando que o Maranhao e o Brasil se consertaram e que nao existem mais problemas, mas sei que daqui a pouco vai estar entupido de comentarios repetitivos. Você cansa de repetir isso aqui no seu blog e nada. Paciencia meu amigo. Daqui a pouco aparece alguem aqui dizendo que Sarney é o grande responsavel pelas 02 ultimas crises mundiais, pelos conflitos entre as Coreias do Norte, Sul e EUA e por ai vai.

    • Caio Hostilio disse:

      Enquanto o Maranhão ficar nesse discurso, não sai do atraso… Acho que está na hora de mudar e começar a cobrar dos 217 gestores desse estado, haja vista que a era Sarney não é eterna e para mudar esse condicionamento na cabeça do povo é complicado, pois são 6 milhões de pessoas…

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