Se depender da disposição demonstrada pelos senadores da República, o fim da farra dos salários extras com dinheiro do contribuinte está próximo. Levantamento feito pelo Correio apontou que a maioria dos parlamentares, dos mais diversos partidos, garantiu que, se o projeto chegar ao plenário, vai votar pelo fim do 14º e do 15º salários. O “presentinho” com carimbo oficial foi instituído pela Constituição de 1946. Desde então, permanece intocável. Mas, nos últimos dias, a extinção da benesse ganhou defensores ardorosos pelos corredores da Casa, justamente após denúncia de que os parlamentares, ao contrário dos deputados federais, recebiam os extras sem descontar Imposto de Renda — e a consequente instauração de procedimento investigatório por parte da Receita Federal. Dos 81 políticos, 41 asseguraram que vão apertar o “sim” para aprovar o projeto da então senadora e atual chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Não se posicionaram sobre o tema 37 parlamentares e apenas três tiveram coragem de defender publicamente o recebimento dos extras.
O entendimento preponderante entre aqueles que, agora, se dizem contra a mordomia, é simples. Acreditam que não há a mínima possibilidade de explicar aos eleitores por que um senador da República ganha dois salários a mais do que qualquer trabalhador brasileiro e, ainda por cima, não desconta o IR. O fato é que, após mais de um ano repousando na gaveta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), a matéria vai ser, enfim, votada na terça-feira. “Entendo que este é o momento de buscar austeridade mesmo e procurar estar mais próximo do sentimento da população. O Congresso, mais do que qualquer poder, é o mais sensível às pressões da opinião pública. Pela manifestação da maioria dos líderes, eu acho que o projeto passa”, ressaltou o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Publicado em: Governo