A maioria dos donos dos partidos achava que iam comandar as nomeações no governo Dilma e que ela acataria em nome da unidade… O tiro saiu pela culatra… A mulher é osso duro de roer!!!
A novela em torno da substituição de alguns ministros indica que em 13 meses de governo os partidos aliados ainda não aprenderam a lidar com o estilo da presidente Dilma Rousseff de triturar auxiliares que ela considera inadequados para determinados cargos.
Um dos problemas hoje entre a presidente Dilma Rousseff e seus ministros é o fato de que os indicados muitas vezes esquecem que sua lealdade principal deve ser ao país e à presidente e, não ao partido. Na política, eles costumam colocar o partido em primeiro lugar. Aí a coisa vai pro espaço… Ela está sempre atenta a tudo e a todos…
Não adianta que falar em nome dela… Vai se dá mal!!! Veja a promessa mirabolante feita pelo líder do PT na Câmara quando da votação do Orçamento, que prometeu R$ 150 milhões aos deputados via Agricultura… A presidenta vetou tudo e agora o camarada está tendo que se virar nos 30 para desfazer a besteira que fez sem autorização do Planalto.
Se alguém for dar uma olhada nas indicações de ministros, verá que todas as legendas que apoiam o governo, sem exceção, têm indicado pessoas com perfil mais político do que técnico. E aí, Dilma torce o nariz, arqueia as sobrancelhas. A nomeação emperra.
Por falar em torcer o nariz… É preciso que os interessados se dêem conta de que o governo é de continuidade, mas muita coisa mudou. Os partidos estavam acostumados a enviar um nome ao Planalto e pronto. Poucos indicados foram barrados no baile nos governos passados. Um dos poucos casos no governo Lula foi o do ministro de Minas e Energia que iria substituir Silas Rondeau. Os nomes cogitados não emplacavam e Nelson Hubner, o secretário-executivo, ficou interinamente como ministro por quase um ano.
A interinidade só terminou quando o presidente do Senado, José Sarney, sacou o nome do senador Edison Lobão, seu fiel escudeiro de todas as horas. Lula, que devia e deve muito a Sarney, aceitou.
À época em que Lobãohavia sido indicado, houve quem dissesse que ele não era da área e coisa e tal. Aos poucos, entretanto, o ministro conquistou espaço. Por falar em técnico…
Lobão é hoje um dos poucos sobreviventes entre os que chegaram ao governo sem o perfil técnico que Dilma almeja deixar na sua equipe.
Os partidos, entretanto, querem furar esse bloqueio da presidente. No Trabalho, o PDT do pesadão Lupi tentou fazer uma jogada politiqueira pra cima da presidenta e se deu mal, agora o Ministéria ficará com um técnico do PSC.
O PMDB fez de tudo para emplacar deputados na Agricultura e outro no Turismo. Dilma deu a volta nos líderes partidários e pinçou dentro do PMDB quem considerava mais leal a ela do que ao partido. Assim, saíram ministros Mendes Ribeiro, na Agricultura, e Gastão Vieira, do Turismo.
Por falarem lealdades… Dentrodo Congresso e fora dele há quem diga que, enquanto essa definição das lealdades não forem resolvidas e entendidas pelos políticos, a tensão entre Dilma e a base não terminará. E para resolver, alguém tem que ceder. Ou os partidos indicam pessoas com perfis mais técnicos, dispensando a cessão dos cargos a parlamentares, ou veremos muitos deputados serem chamados de “santinhos” pela presidente da República.
E, dentro do Planalto, quem convive diariamente com Dilma sabe: na hora em que a chefe chama o interlocutor de “santinho” é bom ele realmente começar a apelar aos céus porque, como dizem por aí, “a batata está assando”.
Publicado em: Governo