Após ler em diversos blogs que já começaram as articulações pela disputa da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. Camarada, o que li me fez refletir e não parei mais de me questionar: “A política é dinâmica porque é canalha ou é canalha porque é dinâmica?”
Depois de muita reflexão, cheguei a conclusão que ela é canalha e usa a dinâmica para obtenção de seus interesses pessoais, esquecendo de imediato suas lutas passadas!!!
Vou fazer um intervalo no assunto, para que possamos entender melhor a mudança repentina de pensamento em prol de seus interesses. Na melhor William Shakespeare, que foi o primeiro a contribuir significativamente para delinear uma específica concepção de política.
Em suas peças, Shakespeare propicia uma abordagem política que pode ser construída a partir da seguinte fala de Hamlet: “The time is out of the joint/ O tempo está fora dos eixos”. Não se trata de uma política institucional, pois mesmo que Shakespeare desenvolva seus temas em volta do trono, com personagens envolvidos num embate com o poder.
Em movimentos pendulares perpétuos, constituem-se dois caminhos que estruturam e desestruturam as relações de poder nas peças de Shakespeare. O primeiro é delineado pelo par de opostos legitimidade-usurpação, e o segundo pela dupla estabilidade-guerra. Sua visão extraordinária mostra em suas peças, a quebra da ordem, seja pelo golpe ou pela guerra, desestabiliza a política, retirando-a de seu curso normal, abrindo espaços para os mais diferentes tipos de violência. Tudo está em torno da usurpação, grande parte das peças de Shakespeare está sempre presente a guerra… Ele a coloca no começo e no término dos acontecimentos. Você, leitor acha que algo mudou?
Voltemos aos debates sobre a disputa pela Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. Acompanho há muitos anos as artimanhas e as armações ali praticadas… Muitas das vezes prefiro não escrever sobre, pois vejo que tudo é uma luta árdua pelo poder e os interesses pessoais… Ainda mais quem tem que bancar muitos dos seus cabos eleitorais!!!
A guerra passada era a de acabar com a reeleição da Mesa Diretora, isso com um único propósito, o de derrubar do trono o ex-presidente Manoel Ribeiro. Foram armadas as trincheiras, as armações, as articulações… Manoel não resistiu e perdeu o trono… Comeu o pão que o diabo amassou, para restabelecer seu mandato.
Os generais que brigaram para derrubar a reeleição batiam no peito e falavam: “Aqui é uma Casa democrática e deve haver alternância no poder”… Discurso comovente, que traduzia a democracia!!!
Um dos generais, em 2010, fez ser aprovado o retorno da reeleição da Mesa Diretora da Casa, enquanto que o outro general continuou na sua luta contra essa atitude “antidemocrática”, falava aos quatro ventos que aquilo era um absurdo e que era uma regressão.
Esse general por força das circunstâncias políticas e com a ajuda de um coronel que estava no posto maior até na legislatura passada, alcançou a Presidência da Casa, porém em nenhum momento mostrou interesse em derrubar a reeleição da Mesa Diretora.
Como o poder é algo inspira o ego e o superego, principalmente na política – Daí que surgiu a famosa frase: “quer conhecer um homem, dê poder a ele” – o general que dantes era incondicionalmente contra a reeleição passa a colocar seus oficiais de prontidão e de repente aparece um projeto no sentido de antecipar a eleição da Mesa Diretora, para dezembro de 2012. Praticamente concretizado com as 18 assinaturas.
O gosto pelo poder é algo magnífico, ainda mais num mundo capitalista em que vivemos… Que o diga o coronel (ex-presidente), que saiu vencedor nas últimas eleições, mantendo vários cargos de ponta e mais algumas benesses, enquanto que os aspirantes que seguiram as ordens dos marechais ficaram a ver navios!!!
Que o curso das obras do grandioso William Shakespeare continue ditando as regras do jogo político… Mais vale uma política canalha com muita dinâmica, que uma política dinâmica sem canalhice…
Publicado em: Governo