Com uma vida finita e incrivelmente curta – muitos pensam que vão viver para eternidade – se comparado com a permanência, por exemplo, do universo, nós seres humanos estamos sempre olhando adiante e tentando descobrir o que é que irá acontecer amanhã. E é para tornar este amanhã mais seguro que fazemos planos, planejamos, economizamos e, antes de tudo, trabalhamos. A idéia é que em um futuro todos estejamos aposentados e gozando a vida, pois em longo prazo, na verdade, estaremos todos mortos. Não só é inevitável, como faz parte da entropia.
O que buscamos, pelo menos em relação à vida pessoal, pode ou não nos trazer gratificações e a adivinhação – sim, por que, na verdade, é pura adivinhação – nos apontar para um caminho que julguemos mais seguros. Segurança, aliás, é o que se busca em um dos meios onde o dinheiro é tudo, que é a economia. E é nela, também, que as previsões futuras ocupam o papel principal. Veja o caso das bolsas de valores, que sobem e descem de acordo com uma informação ou boato, mas que tem no que virá um dos seus principais componentes.
A questão não é de se acertar ou errar, mas prende-se ao propósito que a previsão serve. Se for alguém do Governo a fazê-la, ela será sempre otimista. Se for a oposição, sempre pessimista. E os dois lados – além dos realistas, é claro – estarão baseados em fatos, números, bons argumentos. Vai crescer? Não vai? Sim, isso tem uma repercussão direta sobre nossas vidas. Mas não dá para acreditar em previsões, sobretudo nas econômicas e políticas. Nos últimos anos, o que temos visto são previsões que nunca se concretizam.
O grau de adivinhação fica maior quando da aproximação pelo jogo do poder. Escutamos todo tipo de previsão e não sabemos em qual devemos acreditar, pois são todas tentativas de adivinhação. Agora dizem que tudo está ruim? Será? Que fulano vai vencer e que sicrano não chega a lugar algum…
Com a aproximação das eleições, aumenta o nível de irritação e agressividade no debate político. Não há dia que passe em que não venha alguém fazer ameaças, insultar, dizer barbaridades. No Parlamento, o mínimo que os deputados da oposição chamam a qualquer secretário de corrupto e mentiroso. Baseando em quê? Nas suposições ou adivinhações? Nenhuma das duas, é o pessimismo tomando conta da realidade… Ser oposição não pode acreditar no crescimento, o otimismo é uma palavra proibida.
Nos partidos o pragmatismo já se tornou coisa natural. O PSB já declarou que o seu principal inimigo político não é o sistema economico e administrativo adotado, mas sim o ódio a família Sarney. Embora não se trate de uma grande novidade, pois os Tavares declararam guerra pessoal aos Sarneys, pelo menos fica o assunto esclarecido para que todos compreendam melhor o que move esta gente e qual o sentido das suas iniciativas políticas e, sobretudo, o pessimismo continue como carro chefe, ou seja, que nada dê certo, mesmo que a coletividade sofra e espera otimista por dias melhores.
Quanto ao resto é o que se sabe. O PSDB de Castelo está esfacelado, seus aliados sumiram todos, porém o prefeito continua otimista com a sua reeleição, enquanto o povo segue pessimista com o governo Castelo. Mas como não sou adivinho… Não vou fazer nenhuma previsão.
O pessimismo é algo estranho… Não existe hoje nenhuma força política ou movimento que apresente propostas distintas para o Governo, visando um sentido positivo e mobilizador. Tudo o que se faz é dizer mal, criticar, ofender raivosamente. Com os piores argumentos ou os mais à mão, os quais invariavelmente primam pelo exagero e pelo insulto direto.
Fazer o quê? O seres humanos são esquisitos mesmos!!!
Publicado em: Governo
Avançando um pouco mais sobre a questão dos otimista e dos pessimistas que você tão bem sabe retratar e conhece como ninguém os meandros da política partidária do nosso meio, eu gostaria que o professor abordasse um pouco daquilo que interessa aos realistas, que são os gastos escochantes dos nossos parlamentares na Câmara alta em Brasília, e o grande cabide de emprego que se tornou a Assembléia do nosso Estado, onde pessoas são “contratadas” sem o devido processo lego, que é o concurso público e nenhuma providência é tomada pela presidência da Casa e muito menos pelo MPMA que assiste de camarote o dinheiro do contribuinte ser gasto com quem não trabalha, num verdadeiro festival de favorecimento político, fato vergonhoso e que se configura num verdadeiro atentado às leis vigentes no País.
Concordo plenamente com você… É preciso acabar com a hipocrisia politiqueira, pois só assim conseguiremos consolidar de fato a democracia no Brasil.