O Brasil deve fechar o ano com uma renda per capita de US$ 12,4 mil, um aumento de 15% em relação a 2010. Esses números podem ser motivo de comemoração, mas demonstram um enorme descompasso entre o crescimento nacional e o das grandes economias do mundo. O país só alcançou agora o nível de produção de riqueza por habitante atingido pela Suíça em 1955. A Dinamarca e a Holanda chegaram ao atual patamar brasileiro em 1965 e 1968, respectivamente.
Estatísticas reunidas pelo economista inglês Angus Maddison, falecido no ano passado, remontam a mais de 2 mil anos e revelam o longo caminho que o Brasil deve percorrer se quiser crescer e, ao mesmo tempo, diminuir as desigualdades sociais. Os números mostram que, em 1600, o Brasil tinha uma renda per capita de US$ 428, maior que a dos Estados Unidos, de US$ 400. Hoje, quatro séculos depois, os norte-americanos sustentam um índice de US$ 47.283, mais de quatro vezes o brasileiro.
Na visão de especialistas, a origem do atraso brasileiro está na colonização. Enquanto os Estados Unidos e o Canadá foram colônias de povoamento — os colonizadores querem morar na terra e promovem o seu desenvolvimento —, o Brasil foi de exploração. À época, nenhuma atividade produtiva nacional poderia competir com as da metrópole ou prejudicar os seus interesses comerciais. “Nos EUA, um grupo de pessoas apostou na construção da sociedade. Aqui, a sociedade apostou viver de renda, da exploração de recursos naturais e do comércio de escravos”, resume Cristina Helena Pinto de Mello, professora de macroeconomia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Ela explica que, por mais que os dados de Maddison possam ter alguma imprecisão devido às dificuldades de cálculo, a situação do Brasil era, de fato, semelhante à de países que se tornaram potência. “Houve toda uma diferença cultural que se manifestou, inclusive, na atuação dos governos. Ao longo da história, o trabalho não foi tão valorizado no país, mas sim o ganho fácil. Boa parte dos problemas que a gente enfrenta hoje decorrem de o Estado não ter investido na educação e na formação de uma mão de obra capaz de pensar soluções e empreender”, analisa.
Por outro lado, relatório recente da consultoria PwC concluiu que a crise deu um novo rumo para a economia global. Conforme o estudo, o Produto Interno Bruto (PIB) das sete economias emergentes (China, Índia, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Turquia) pode ultrapassar o do G-7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) antes de 2020.
Publicado em: Governo