Simplesmente os Tavares com muita fome de continuar no comando do PSB, jogaram nas mãos de Othon Bastos uma bomba relógio.

Antes de tudo, vale ressaltar que escola não é deposito de crianças, mas sim um local prazeroso e de estímulo ao ensino/aprendizagem com qualidade.

Adotar a heterogeneidade é um marco, visto que não existe hegemonia em sala de aula, porém é inconcebível jogar em salas de aulas de 1ª a 4ª série do ensino fundamental 40 e até 50 alunos é brincar de fazer educação.

Isso está acontecendo nas escolas municipais de São Luís. Não é justo jogar a culpa no professor se não houve o ensino adequado, visto que quando se aplica a heterogeneidade, cujas salas servem para crianças independentes de cor, raça, religião, deficiências física e mental, o professor tem que buscar a historicidade de cada um e, assim, buscar alternativas didático-pedagógicas para haver ensino/aprendizagem de fato, com isso o máximo que uma sala de aula dessas deve ter é de 25 alunos.

Conversando com algumas professoras, elas disseram-me que esse é a maior dificuldade. “Superlotam as salas de aulas com alunos de 8, 9 e 10 anos, com todo tipo de problema. Eles vêem de casa sabendo os seus direitos, mas não mostram vontade de aprender, isso até imposto pelos próprios pais, que saem para trabalhar e acham que a escola tem a obrigação de cuidar até que voltem para buscá-los na escola. Ficam horas perambulando”, disseram as professoras.

Segundo as professoras, os meninos de 8, 9 e 10 anos já chegam drogados e as ameaçam. “Eles (meninos e meninas) agora usam uma arma minúscula, do tamanho do dedo indicador, que pode ser escondida facilmente”, falaram as professoras.

“Quando chamamos os pais, a coisa piora. Eles até nos ameaçam. Nessas salas superlotadas quem mais aprende são os alunos deficientes. A escola do bairro Barreto se transformou num antro de perdição, essas crianças são usadas como avião para o tráfico de drogas. Todos sabem, mas ninguém faz nada”, desabafaram as professoras.    

Portanto, senhores Castelo e Othon Bastos, escolas não são deposito de crianças, elas não devem estudar em unidades sem estrutura, colocadas como “a toque de caixa”, não é assim que teremos qualidade educacional, tendo excesso de alunos em sala, dificultando a participação dos alunos, gerando atrasos no desenvolvimento escolar.

Não esqueçam que hoje a escola não tem mais o papel de apenas instruir as crianças, vai muito além disso. A criança merece toda  atenção do professor e ele se sente perdido não tendo condições de utilizar as suas técnicas educacionais de forma satisfatória a fim de que possa assim ajudar os seus alunos no crescimento e desenvolvimento dentro do processo de ensino-aprendizagem, com salas de aulas superlotadas.

A escola sofre a exigência de desenvolver o pensamento crítico, o professor deve ensinar o aluno a pensar, como este processo primordial da educação pode ocorrer em uma sala de aula que muitas vezes apresenta mais de quarenta alunos?! Como dar oportunidade a todos para se expressarem e ensinar aos alunos como transmitirem as suas idéias?!

Educação é um processo que pressupõe relação.      Se a turma é muito grande, como o professor pode ter esta relação em uma turma com excesso de alunos?!

Torna-se muito difícil para o professor atuar de forma satisfatória indo ao encontro dos anseios dos seus alunos, tirando as suas dúvidas e junto com eles encontrarem a solução.

Com excesso de alunos em sala de aula o professor não tem espaço para que ele possa dar uma atividade diferente, na qual os alunos possam se movimentar, a configuração espacial das salas de aula parecem um ônibus – todos os alunos sentados virados para o professor que dirige o ônibus. Esse tipo de arranjo espacial é estranho já que se busca uma educação de qualidade e o envolvimento diretamente dos alunos no processo da aprendizagem.

Quando o professor tem oportunidades para trabalhar com a turma em grupos ou em círculos os alunos têm a chance de participar muito mais, tendo um espaço de debate e desta forma o professor pode fazer uma avaliação real dos seus alunos. Sabemos que o aluno não é mais passivo, receptáculo das informações, ele é ativo aprendiz, construtor do seu conhecimento.

Excesso de alunos em sala não gera qualidade, pelo contrário gera um aprendizado ineficiente.

Não se pode deixar passar esta questão em branco, se realmente há um desejo de qualidade educacional na educação.

  Publicado em: Governo