Comungo do mesmo pensamento do jornalista José Vieira do Nascimento de Mato Grosso, principalmente numa questão obvia, o Governo Federal é contra a criação de novos estados e municípios.
A criação de novos estados do Brasil será difícil de acontecer nos próximos anos. Que ninguém se iluda com este tema, porque até mesmo a criação de novos municípios é uma possibilidade que não acontecerá em curto prazo. E criar uma nova unidade federativa é algo muito mais complexo, que exige vontade política dos governantes.
Entretanto, percebemos que criar novos Estados, pelo menos neste momento, não está incluído na agenda do governo federal.
O fato da Câmara dos Deputados ter aprovado a realização de plebiscito no Estado do Pará, para a população se manifestar sobre a criação de dois novos estados: Tapajós e Carajás, não significa que os novos estados serão realmente criados.
Primeiro porque a opinião pública é contra a divisão dos Estados e as chances do plebiscito ser aprovado são mínimas. Favoráveis é apenas a população das cidades de municípios do interior, que sofre na pele as consequencias de viver a centenas de quilômetros dos grandes centros. Nas capitais, os moradores são contra a divisão. Como nas capitais se concentra a maior parte da população, mesmo que 80% da população das cidades do interior vote favorável, ainda não seria suficiente para a consulta ser aprovada.
Se no Pará que é um Estado que tem mais que o dobro da população de Mato Grosso, (7.581.051 habitantes), as expectativas com relação a aprovação do plebiscito são pequenas, imagine em Mato Grosso, que os municípios da baixada cuiabana, que detém a maior colégio eleitoral do Estado, são contra a divisão?
Por isso, é fundamental que os representantes políticos de cada Estado, onde há projetos de criar novas unidades federativas, trabalhem para que o governo federal devolva às Assembleias Legislativas a autonomia de criar novos Estados e municípios. Esta seria a única forma de viabilizar estes projetos.
Infelizmente, o que observamos hoje é uma visão coalha de nossas autoridades e de segmentos da sociedade que desconhecem a realidade das populações que habitam as paragens longínquas da Amazônia. Vêem este importante objeto de transformação apenas como gastos de dinheiro público, o que é um grande equívoco.
Só é contra a redivisão territorial quem não conhece a realidade do país. Quem vive em Cuiabá ou em outra grande cidade, certamente não sabe a distância entre Vila Rica (cidade localizada ao nordeste de Mato Grosso, na tríplice fronteira entre Pará e Tocantins) e a capital matogrossense. Muito menos as dificuldades que um morador deste município enfrenta para ir à capital do seu Estado, tendo que percorrer por estradas ruins, 1.279 quilômetros.
Portanto, criar novos estados e municípios, é acima de tudo, combater as desigualdades regionais, diminuir distâncias e promover o desenvolvimento social e econômico. Os gastos, em médio prazo, seriam investimentos com importantes retornos para a sociedade e para o país.
Hoje, como é de conhecimento público, as capitais estão com os serviços essenciais sucateados. O setor de saúde, por exemplo, não tem capacidade sequer para atender os moradores locais, mas são obrigados a absorver os moradores das cidades do interior. Com uma nova capital do norte de Mato Grosso, se evitaria que milhares de pessoas recorressem à Cuiabá para este e muitos outros fins.
E não nos iludamos de que seremos realmente fortes, sem que nos transformemos em um Estado. O Estado do Mato Grosso do Norte. Não podemos jamais deixar morrer o sonho da divisão!
Publicado em: Governo