Parabéns ao ministro Haddad!!! Ele mostrou coragem com a evolução educacional!!!

Publicado em   17/maio/2011
por  Caio Hostilio

Depois que o Ministério da Educação informou que não se envolverá na polêmica sobre o livro com erros gramaticais distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático, do próprio MEC, a 485 mil estudantes jovens e adultos, cuja autora “Por uma vida melhor”, professora Heloísa Ramos, afirma que “nós pega o peixe” pode ser considerado como correto em certos contextos, foi o bastante para que muitos caíssem em críticas ao ministro, que preferiu dar continuidade ao conteúdo e a evolução proposta pela professora Heloísa Ramos.

Essa discussão me fez lembrar as aulas do ilustre filólogo Ramiro Azevedo – em minha opinião, Ramiro é o maior conhecedor da língua portuguesa e das demais línguas neolatinas no Brasil -, mais precisamente em lingüística. Ramiro, com toda sua sapiência e conhecimento invejável proferia que a língua que menos evoluiu foi a portuguesa e a que mais evoluiu foi a inglesa.

Devo reconhecer que Ramiro Azevedo é um defensor do estruturalismo, mas jamais deixou de ver com carinho a importância da pragmática, principalmente no que se referem os metaplasmas e as leis glóticas.

Na verdade, os adversários mais truculentos do pragmatismo e das novas alterações não dizem o que pensam das anteriores e qual o critério que usam para definir a transformação de um vocábulo corrente em arcaísmo.

Estes zeladores da pureza idiomática lembram fidalgos arruinados a exibirem o brasão de família com as calças puídas na albarda de um jerico, depois de lhes minguarem as posses para ataviarem um cavalo puro-sangue.

Não posso deixar de parabenizar a Heloísa Ramos, pelo seu trabalho, que trará novas dimensões evolutivas a pedagogia, além da busca da unidade indispensável entre conhecimento teórico e prático.

Um dos principais fatores a ser observado nessa concepção é o comportamento infantil e realização dos direitos da criança: direito a vida própria, à liberdade e à autonomia. A concretização desses direitos conduz aos dois princípios básicos do seu método: despertar a criatividade infantil por meio do estímulo e promover a auto-educação da criança, fornecendo-lhe meios adequados de trabalho. A disciplina deve nascer da liberdade. A concepção da didática deve ser analítica. As matérias e as lições não podem se comportar como uma extrema discriminação.

Diante desse fato, é preciso estudar bem a criança, considerando-a sujeito da própria aprendizagem, e só depois definir o tipo de trabalho a ser feito. As atividades infantis podem e devem ser disciplinadas e orientadas pela educação, mas não se pode esquecer-se da natureza humana. Contrariá-la ou impor-lhe o impossível foi o grande erro da pedagogia tradicional, pois para haver aprendizagem significativa é necessário estimular na criança o desejo de aprender e conhecer, valor o que conduz à verdadeira aprendizagem.

Agora, só falta o ministro Haddad ter coragem para tirar a responsabilidade no ensino infantil, principalmente à alfabetização, dos municípios brasileiros, que em sua maioria esmagadora desconhecem a importância desse ensino, como principal pilar, na formação continuada do estudante.

Para inovar é preciso coragem e determinação, caso contrário acomodará e as evoluções passam sem que tenhamos a vontade de mudar o que não serve mais.

  Publicado em: Governo

13 comentários para Parabéns ao ministro Haddad!!! Ele mostrou coragem com a evolução educacional!!!

  1. bacaiu disse:

    Nos apoia esse movimento. Em omenage a tu, um poema muito sabido.
    **
    Nóis fala errado mais nóis é esperto
    Agente num somus inútiu, agente somos desperto
    Nóis sabe fazê funk que conquista socialaitessss.

    A mina rebita a bunda prá mostrá que é liberada
    Atrais vai toda a turma e na frente a muierada
    I a gente só convida quem aguenta as cacetada.

    Nas noite róla os baguio, prá animá toda a moçada
    Já vi muié de gente fina, saí dos baile toda melada

    Do geito que vô ino ainda vô virá imortau
    Já que tem gente que defende a linguage dos bacaiáu

    • admin disse:

      Você só vem mostrar que sua mensagem foi dada, mesmo que com erros gritantes da língua portuguesa, porém não esqueça que a evolução da língua e os estudos linguísticos transformam as diferenças em acertos. Respeito sua crítica, ainda mais de uma forma bem pensada.

  2. Antonio Borge disse:

    Parabéns,a comissão examinadora por aceitar o livro e as autoras pela coragem de apresentar uma proposta diferenciadora no ensino da língua,fala e escrita,para um público específico que não teve a oportunidade de frequentar o ensino regular.
    O castrante pensamento do certo ,errado é fruto da herança maldita do ensino impositivo que perdura a séculos neste País,que classifica os ricos como inteligentes, pobres em “gente diferenciada,”sujeitos sociais,culturais, com diferentes historias de vidas, sendo obrigados a aprender e dominar um mesmo código linguistico de fala e escrita.
    Existe no Brasil do século XXI, mais de duzentas línguas catalogadas.Porquê? apenas uma ser ensinada certa!
    Quando o povo entender que temos uma elite cultural academicista sustentada por uma elite econômica,que impõe as massas um desejo a ser imitado , por apresentado como certo, mas inatingível por ter sido criado por quem tem o domínio econômico e cultural sobre o povo.
    Então o povo não terá nenhum motivo de se envergonhar de sua maneira de falar,e se descobri-rá um ser poliglota em sua própria língua.

    • admin disse:

      Antonio, você está corretíssimo em sua visão, principalmente pelo fato de que a lingua evolui e suas práticas são aceitáveis para melhor comunicação. Como a língua inglesa que conjuga qualquer verbo sem variação, na tradução fica assim: eu amo, você ama, ele e ela ama, vocês ama e eles e elas ama, além de diminuir o máximo de artigos exigidos pelas línguas germânicas. O Alemão, que não evoluiu tem mais de 100 artigos. Os críticos pessam que falam a língua polida, mal sabem que todas as línguas neolatinas são derivadas do Latim vulgar.

  3. jaja disse:

    meu Deus/ que absurdo isso/ se tudo é válido,para que aulas de português?/vamos banir logo essa matéria da grade curricular/ o que fazem com o dinheiro dos nossos impostos é vergonhoso

    • admin disse:

      É seu pensamento.

    • Diogo Xavier disse:

      Muito equivocada. Ninguém, além da imprensa, disse que tudo é valido. A norma culta é necessária e deve ser ensinada na escola e é ensinada nos 16 capítulos do livro em questão. LEIA o primeiro capítulo do livro, de onde foram retiradas frases descontextualizadas pela mídia, e cole aqui o trecho que diz essa barbaridade. Aí eu posso pensar em considerar que suas palavras não são meras repetições de uma opinião pronta e equivocada empurrada pela imprensa. Até lá, é isso que penso.

      • admin disse:

        Diogo, não sigo a imprensa, pois sou formado em Letras e Mestre em Educação, além de amar a linguistica. Não critiquei, muito pelo contrário, elogiei a atitude do Ministro em acatar uma decisão de uma filologa. Você está confundindo alhos com bugalhos. O estruturalismo não tenha sido o maior entrave para que as línguas neolatinas evoluam dentro dos metaplasmas e da lei glotica. Primeiramente você acha que fala a língua culta, quando na verdade não fala, pois todas as línguas neolatinas são derivadas do latim vulgar e não culta. Em minha opinião, a professora fez certo, pois o questionamento crítico é a melhor forma de ensino/aprendizagem.

  4. Antonio Borge disse:

    para os interessados no tema; língua, linguagem ,fala escrita indico estes autores .Noam Chomsky ,Charles berlitz , Steven pinker, Willian Labov ,existe no BRASIL,excelentes autores e autoras ,nichados nos campos universitários.
    “Não fala errado aquele que se faz entender”

  5. ANTONIO disse:

    No Rio, estudantes querem aprender a forma culta da língua
    “Prefiro ser corrigida na aula a sair por aí falando errado”, diz aluna. Professores reclamam de livro que aceita fala popular

    Flavia Salme, iG Rio de Janeiro | 18/05/2011 22:35A+A-
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    Foto: Léo RamosAmpliar
    A doméstica Maria Erlaine Mendes da Silva fala “nós vai”, mas sabe que a concordância não é aceita na norma culta da língua portuguesa
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    Maria Erlaine Mendes da Silva fala “nós pega”, mas sabe que está em desacordo com a norma culta da língua portuguesa. Aprendeu na escola, onde cursa o 7º ano do Ensino Fundamental, em curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A aluna não gostou de saber, pela reportagem do iG, que o livro adotado na escola onde estuda, Por uma Vida Melhor, da coleção “Viver, Aprender” aceita que não seja necessariamente usada a regra na fala. Na escola, professores também reclamam. Mas a Secretaria Estadual de Educação informou que, por enquanto, não vai se pronunciar sobre o assunto.

    Erlaine tem 22 anos e ficou oito deles sem estudar. Parou aos 16 quando deixou o Ceará em direção ao Rio de Janeiro, em busca de emprego. Trabalhou todo esse tempo como doméstica e agora tenta completar os estudos na esperança de conseguir um emprego melhor. “Tinha de dormir no emprego. Cheguei a pensar que abandonaria os estudos de vez”, conta a doméstica. “Meus patrões atuais incentivaram. Dizem que não posso ser doméstica a vida inteira”, conta.

    Assim como outros colegas, Erlaine diz que prefere ser corrigida na sala de aula a sair por aí “falando errado”. “Não tenho vergonha de ser corrigida. É obrigação do professor ensinar o certo”. Sobre a aceitação, proposta pelo livro, da forma popular na sala de aula, a estudante foi categórica: “Já fui corrigida pelos meus patrões quando falei errado. Fiquei com vergonha. Estou na escola para não precisar passar por isso outra vez”, afirmou.

    Foto: Léo RamosAmpliar
    Doméstica Cleonice Vieira da Silva diz já se sentiu mal por ser chamada a atenção depois de escrever um bilhete de maneira “errada”
    Cleonice Vieira da Silva tem 56 anos e acredita que a idade não lhe permite buscar um emprego melhor. É empregada doméstica há mais de três décadas. “Estudo porque é um objetivo de vida. A pessoa que sabe das coisas se sente mais segura”, contou. Ouvinte assídua de rádio, ela soube da polêmica em um dos programas que acompanha. Mas diz que não tinha conhecimento de que o livro em questão era o que carregava na mochila. “A gente ainda não estudou o capítulo. Mas não quero aprender errado, não. Já levei bronca por anotar recados errados. Quero fazer tudo certinho”.

    Professor do curso de EJA na rede estadual do Rio que recebeu o livro para ministrar em sala de aula disse que ficou revoltado quando tomou conhecimento da polêmica. “Os alunos falam dessa forma. A maioria. Isso é um fato, e chega a ser lógico. Falam assim porque aprenderam assim. Mas eu tenho a obrigação de sinalizá-los sobre a norma culta”, diz o docente. “Não adianta a escola fazer concessão se o mercado de trabalho, se a vida, não faz”.

    Secretaria de Educação diz que escolas têm autonomia para escolher livros
    A Secretaria de Educação do Rio de Janeiro informou, por e-mail, que as escolas da rede que oferecem cursos supletivos têm autonomia para escolher os livros que o Ministério da Educação disponibiliza para o EJA. A secretaria também afirmou que faz um levantamento sobre os livros adotados – trabalho que ainda não foi concluído –, para que possa comentar o assunto. Por isso informa que por enquanto não tem como abordar a questão.

    O iG confirmou que escolas estaduais das zonas norte a sul da cidade receberam o exemplar. É o caso, por exemplo, da Escola Estadual de Ensino Supletivo Berlin, em Olaria, no subúrbio carioca, e da Escola Estadual Marília de Dirceu, em Ipanema, um dos endereços mais nobres da cidade. O iG não conseguiu identificar nessas unidades de ensino as pessoas responsáveis pela adoção do livro.

    “Sou zoado, mas prefiro falar como os outros que sabem”
    Severino Ramos Gomes da Silva, de 15 anos, está no 6º ano do Ensino Fundamental. No curso supletivo. Ele precisou interromper os estudos depois que a mãe, viúva, abandonou a Paraíba para tentar a sorte no Rio de Janeiro. Na capital carioca deixou no nome de batismo de lado. Prefere ser chamado de “Diego”. Trabalhou um tempo em lanchonete, mas agora está desempregado. “Sei que o salário mínimo é de R$ 545. Mas eu quero receber R$ 1 mil. Preciso estudar”, falou. “Para fazer qualquer coisa nessa vida tem que ter o segundo grau”, disse, em referência à conclusão do Ensino Médio.

    “Diego” também fala “nós vai” e “a gente sabemos”. Justifica a oralidade alegando ser filho de analfabeta e de família humilde. Morador da favela da Rocinha, o aluno contou que já foi corrigido dentro de sala de aula e que ficou constrangido. Mas ressaltou que o “mico” não o fez querer falar diferente das “pessoas que sabem das coisas”. “Fui corrigido algumas vezes e todo mundo na sala riu. Sou zoado, mas prefiro falar como os outros que sabem”.

    Aos 33 anos, o marceneiro Antônio Ribeiro dos Santos chega pontualmente ao curso supletivo, às 19h, a fim de concluir o Ensino Fundamental. Está no 7º ano. Perguntando pelo iG se deveria falar “nós pega o peixe” ou “nós pegamos o peixe”, pediu um tempo para pensar. Em menos de um minuto, ele respondeu. “Nós pegamos o peixe, não é?”.

    Por ser um profissional autônomo “já encaminhado”, Antônio não pensa em fazer faculdade. “Sem estudo fica muito mais difícil. Já tive de assinar contrato em que não entendia um monte de coisa e precisei pedir que me explicassem. Não quero mais isso”, falou. “Fiz curso de radialista comunitário, porque gosto dessa profissão. Tenho de falar corretamente quando ligam o microfone, não é?”, perguntou, antes de seguir para a aula.

    Foto: Léo Ramos
    “No Brasil, a pessoa tem que ter estudos, senão fica tudo mais difícil”, diz o marceneiro Antônio Ribeiro dos Santos
    Uma coordenadora de curso supletivo na rede estadual ouvida pelo iG manifestou descontentamento com a publicação. “O professor de português me chamou a atenção para o assunto. A sensação que tenho é a de que querem sempre nivelar o aluno da escola pública por baixo”. A professora, que trabalha na rede pública há 27 anos, reconhece que mesmo formado os alunos permanecem fiéis à forma popular, mas afirma que isso não é motivo para que um livro didático aceite novas regras. “Se desfazer de um vício de linguagem é muito difícil, porque quando saem da escola eles voltam a conviver no meio onde aprendem a falar ‘errado’. Porém, considero isso mais um motivo para que a escola sirva de parâmetro sobre o que aceita a norma culta”, conclui.

    Leia mais sobre:eja •rio •livro •mec •lingua-portuguesa •culta •nós-pega •

    • admin disse:

      Linguistica, metaplasmas, leis gloticas e a evolução da língua… Fazer o quê? Porém, não se pode esquecer que as línguás neolatinas são todas derivadas do latim vulgar. Também não se pode esquecer que a língua que mais evoluiu foi a inglesa. Esse debate desse ser entre filologos.

  6. Adalberto Fontaine disse:

    Discordo deste pensamento: Comunicou, está bom!

    A lingua evolui, mas se começarmos a aceitar estas barbaridades, daqui a pouco, teremos diversos dialetos dos dialetos.

    Não penso ser nada corajosa esta forma de comunicação.

    Qual será a próxima? Parar de ensinar conjugações, regências e concordâncias?

    E, para terminar. Que raio de comentário preconceituoso é este que só filólogos podem debater?

    É o Bolsonaro defensor da linguagem vulgar…

    Evolução natural da língua? Sim!!!!!
    Destruição?
    Vergonhoso!

    Nós vai pará discrevê agorah!
    Isso parece piada de brasileiro em Portugal.

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