De acordo com pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), o ponto de partida para a descoberta foi uma inscrição que havia em uma das caixas ‒ encontrada em julho deste ano em uma praia de Itarema (a cerca de 200 quilômetros de Fortaleza). Ela indicava que o material do navio cargueiro tinha saído da Indochina Francesa, localidade atualmente conhecida como Vietnã, Laos e Camboja. Durante a guerra, essa colônia foi dominada pelos japoneses, que, junto a alemães e italianos, formavam o Eixo.
Os dados encontrados indicariam que “esse produto era antigo, provavelmente de um naufrágio. Através dessa marcação [na caixa], fizemos uma pesquisa histórica e conseguimos identificar um cargueiro, chamado Rio Grande, que tinha uma carga de borracha com as inscrições referentes à Indochina Francesa”, explicou o Prof. Carlos Teixeira, um dos responsáveis pela pesquisa.
Segundo um banco de dados americano sobre naufrágios no Atlântico Sul durante a Segunda Guerra, o cargueiro em questão transportava principalmente fardos de borracha bruta – que seria o material encontrado nas praias. O navio foi afundado em 1944. Os sobreviventes conseguiram sair em pequenos botes, depois desembarcaram em Fortaleza e foram presos na 10ª Região Militar. O navio foi encontrado em 1996, a cerca de 5,7 mil metros de profundidade.
“É um marco histórico, porque conseguimos identificar a origem dessas caixas em relação ao cargueiro que deve ter se rompido no fundo do mar”, afirmou Teixeira.
Ainda de acordo com os pesquisadores, há uma hipótese de que o mesmo navio seja a origem das manchas de óleo que têm chegado a diversas praias do Nordeste, uma vez que elas apresentam rota parecida com a que foi possivelmente percorrida pelas caixas. No entanto, estudos de outro tipo são necessários para realizar essa verificação.
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