Eu, médica, disposta a atender as comunidades de uma Equipe Saúde da Família (ESF) de São Luís – Maranhão, mas não me dão nenhuma cadeira ou mesa para atender os pacientes na Unidade de Saúde, só a sala vazia com apenas um ar-condicionado, ironicamente. Se pudesse ter escolhido, preferia uma mesa e duas cadeiras, seria muito mais lógico… Mas ressalto que pra um atendimento de qualidade, precisaria de outras coisas também, como maca para exame físico, materiais para coleta de exame preventivo de colo de útero, estante para arquivar os prontuários (atualmente estão nas casas dos agentes comunitários de saúde!) e outras coisas… Lá vou eu atender os pacientes no chão, pois até tenho uma mesa extra aqui em casa que posso levar ao Posto, mas não tenho cadeiras extras… Imaginem só os toques retais que farei com os pacientes no chão, por exemplo! Cômico? Trágico!

E fazer visita domiciliar aos pacientes idosos e acamados? Estou aqui dispostinha da silva, mas cadê o carro da visita domiciliar? “Ah, vai dirigindo com teu carro, ué!”, mas nem dirijo (tenho pânico!), nem tenho carro ou pretendo comprar um por enquanto, e agora?! “Ah, vai a pé!”, mas são ruas e ruas de comunidades e, infelizmente, por falta de oportunidade e investimento em educação de base, há algumas “bocas de fumo” nesses bairros que estão cobertos por essa minha ESF, infelizmente não posso colocar minha segurança e integridade em risco por ser desconhecida na região, ainda por cima com essa minha cara de fresca… Não é preconceito, é a infeliz realidade do nosso país… E para não dizerem que é exagero, na semana anterior do Carnaval, uma amiga e eu fomos “abordadas” por 3 elementos lá próximo a essa minha Unidade Básica de Saúde, mas felizmente não nos machucaram, “apenas” bens materiais.

…maaaaaaas mesmo assim tô agendando visitas domiciliares e atendimentos, não sei ao certo como, mas farei! (BJS, DILMA!)

E aí, o que falta no Brasil?

Resposta: vergonha na cara dos governantes.

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