Disputa que não alcança a maioria do eleitor!!! A guerrilha de R$ 30 milhões nas redes sociais

Publicado em   25/fev/2014
por  Caio Hostilio

internetEmbora a internet já tenha sido um campo de batalha importante em 2010, na expectativa dos marqueteiros dos principais partidos, a guerra pelas redes sociais na campanha presidencial deste ano será ainda mais acirrada e poderá ser decisiva para o triunfo eleitoral. Se é verdade que a propaganda na tevê conserva sua importância e mantém-se como destino preferencial dos gastos dos candidatos, no meio político existe também a convicção de que a internet está destinada este ano a se tornar o espaço prioritário para o eleitor resolver dúvidas, confrontar propostas e, numa função ativa que só as redes sociais permitem, combater no corpo a corpo pelo candidato de sua preferência.

Hoje, 105 milhões de pessoas têm acesso à internet no Brasil e cada uma delas costuma passar em média duas horas por dia conectada à rede. Na internet, o brasileiro já faz compras, tira diploma universitário e até se casa com ajuda das redes sociais. É muito provável também que a internet seja usada pelo eleitor para definir seu candidato presidencial. A partir dessa percepção, a pré-candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) e os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) já começaram a montar seus bunkers digitais.

Num esforço para capturar o voto desses brasileiros, os comitês do PT, PSDB e PSB programam um investimento total de R$ 30 milhões e planejam mobilizar uma massa de 90 mil militantes eletrônicos até outubro.

Os redutos ameaçados do PT

Ao conferir, nos últimos dias, o mapa eleitoral nos Estados, a presidenta Dilma Rousseff franziu o cenho de preocupação. Dilma percebeu que o cenário político lhe é desfavorável em seis Estados nos quais o resultado eleitoral tinha sido determinante para sua vitória na corrida ao Palácio do Planalto em 2010. São eles: Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Maranhão, Ceará e Bahia. Nesses locais, ela obteve em 2010 uma vantagem de 12,6 milhões de votos sobre José Serra. No total, Dilma venceu o tucano por uma diferença de 12%. Só em Pernambuco, Bahia e Ceará, Dilma conquistou cerca de 7,5 milhões de votos a mais que o rival. Agora, nesses Estados, rachas entre siglas da base aliada ou rearranjos locais e nacionais fortalecem as candidaturas do governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB), e do senador Aécio Neves (PSDB), principais adversários de Dilma.

As pegadas de Matarazzo

Os escândalos envolvendo as sucessivas gestões do PSDB à frente do Estado de São Paulo chegaram à antessala da cúpula tucana. Na última semana, após acatar a denúncia de corrupção do Ministério Público Federal em estatais de energia durante o governo de Mário Covas, o juiz federal Marcelo Cavali autorizou também a abertura de um novo inquérito para investigar o vereador tucano e serrista de primeira hora, Andrea Matarazzo. “Pessoas submetidas à sua esfera de comando hierárquico foram tidas como beneficiárias de propinas”, escreveu o magistrado na terça-feira 18. “Além disso, há ao menos indício de que o próprio partido político ao qual é filiado (o PSDB) e a própria Secretaria de Energia dirigida por ele – conquanto em curto espaço de tempo – tenham sido beneficiários de valores indevidos”, complementou. A decisão frustrou a tentativa de Matarazzo de encerrar as investigações. Para a Justiça e o MPF, há sim o que se apurar sobre a conduta do tucano. Documentos que aguardam apenas uma autorização do Tribunal de Bellinzona, na Suíça, para desembarcar no Brasil podem esclarecer a ligação de Matarazzo com o esquema operado para beneficiar a multinacional francesa Alstom.

O golpe de Azeredo

Ao renunciar ao mandato de deputado federal na quarta-feira 19, o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) produziu uma manobra que pode embaralhar o jogo da ação penal que investiga o mensalão mineiro. Principal personagem da denúncia, o agora ex-parlamentar é acusado de participar do desvio de recursos de empresas estatais mineiras para abastecer sua campanha de reeleição ao governo em 1998. Azeredo tenta ser julgado como cidadão comum numa vara de primeira instância de Minas Gerais, onde o processo engatinha sem que se saiba sequer quando os réus serão acusados. Sem falar que, depois de ouvir a sentença, ele terá direito a apresentar recurso em segunda instância, num processo que costuma levar seis anos, em média, para chegar ao fim. Se conseguir a transferência para primeira instância, Azeredo estaria às portas da absolvição, uma vez que já tem 66 anos e depois dos 70 as penas poderiam prescrever.

Veja

Mordomias, dinheiro e liberdade

A vida na cadeia é terrível em qualquer circunstância, mas pode ser pior quando não se tem amigos influentes do lado de fora. Por decisão do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, cabe aos juízes da Vara de Execuções Penais de Brasília aplicar as penas estipuladas pela corte aos condenados no processo do mensalão, o maior esquema de corrupção da história do país. Os magistrados escolhem quais presídios devem abrigar os criminosos, decidem sobre eventuais benefícios e fiscalizam se as penas estão efetivamente sendo cumpridas de acordo com a lei.

Na quarta-feira passada, já era noite quando dois dos juízes da Vara de Execuções Penais chegaram de surpresa ao Centro de Progressão Penitenciária, o CPP, presídio que agora abriga o tesoureiro do mensalão, Delúbio Soares. O petista, que cumpria sua pena na Papuda, foi transferido para o CPP depois de ganhar o direito de trabalhar durante o dia e passar apenas a noite na cela. Para quem estava confinado, é um considerável salto de qualidade de vida. O CPP fica a dez minutos do centro de Brasília, é livre de grades, tem regras de segurança flexíveis e instalações mais confortáveis.

A inspeção tinha o objetivo de apurar a veracidade de denúncias sobre privilégios que teriam sido postos à disposição do detento mais famoso do lugar. Os magistrados revistaram as celas, ouviram depoimentos e concluíram que, de fato, o mensaleiro goza de algumas vantagens: de pequenos agrados, como um cardápio exclusivo, a valiosos favores, como autorização para receber visitas fora do horário. No fim de semana, quando os presos são obrigados a permanecer na cadeia, o almoço de sábado ganhou um item especial: feijoada — segundo os condenados, algo impensável até a chegada de Delúbio.

Teoria da Conspiração

A presidente Dilma Rousseff é a favorita na próxima corrida eleitoral. Segundo pesquisa encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), ela seria reeleita hoje no primeiro turno, com 43,7% dos votos, caso enfrentasse o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador Eduardo Campos (PSB), que aparecem, respectivamente, com 17% e 9,9%. Além da liderança nas intenções de voto, Dilma tem a seu favor o controle da poderosa máquina federal, com suas benesses bilionárias, e a possibilidade de montar a maior coligação desde a redemocratização, o que pode lhe garantir o dobro do tempo na propaganda eleitoral em relação a seus rivais. Na área econômica, a presidente também conta com bom desempenho em indicadores diretamente ligados ao bolso e ao humor dos eleitores, como emprego, renda e consumo familiar. Apesar de tais credenciais, a candidatura de Dilma é alvo de uma “guerra psicológica” — guerra essa travada não por expoentes da iniciativa privada interessados em sabotar a economia nacional, como ela pregou na TV, mas por setores do próprio PT.

Renúncia não é absolvição

O deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB) viveu na semana passada uma das situações mais constrangedoras da carreira de um político. Azeredo renunciou ao mandato. Sem ele, espera escapar de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes de que foi acusado quando tentou e não conseguiu se reeleger governador de Minas Gerais em 1998. A manobra, porém, talvez não funcione, pois há precedentes. O Supremo pode chamar para si a responsabilidade, se entender que a renúncia foi movida apenas pelo interesse de levar o julgamento para instâncias inferiores, mais lentas e mais suscetíveis a pressões. Azeredo foi acusado de desviar 3,5 milhões de reais dos cofres públicos para sua campanha à reeleição. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu sua condenação a 22 anos de reclusão pelos crimes de peculato (apropriação de bens públicos) e lavagem de dinheiro.

Lá vêm eles com outra lei

Desde que os romanos perceberam que conseguiam distrair o populacho com pão e circo, políticos de todos os quadrantes tentam encontrar distração semelhante. No Brasil de hoje, são as leis. Ao menor sinal de clamor popular com um crime particularmente bárbaro, uma tragédia evitável ou uma nova onda de violência, Brasília saca do bolso a solução de praxe: criar outra lei ou aumentar as penas da lei vigente. Agora, com a morte do cinegrafista Santiago Andrade, provocada pela baderna agressiva dos black blocs, as autoridades — deputados, senadores, secretários de Segurança Pública e o ministro da Justiça — reabriram o debate recorrente: que lei faremos?

O mascarado da Petrobras

O empresário Julio Faerman é o homem-chave para desvendar o escândalo de corrupção que envolve a maior empresa do Brasil, a Petrobras. Faerman é apontado, em uma denúncia feita por um ex-funcionário da companhia holandesa SBM Offshore, como o lobista responsável por intermediar pagamentos de propina de pelo menos 30 milhões de dólares a funcionários da petroleira brasileira. O objetivo seria conseguir contratos, que somam mais de 9 bilhões de reais, para o aluguel de plataformas de exploração do petróleo. Uma auditoria interna da SBM mostrou que, de 2007 a 2011, a empresa subornou autoridades e políticos em Angola, Cazaquistão, Guiné Equatorial, Itália, Iraque e Malásia — até 250 milhões de dólares teriam passado por esses dutos de corrupção.

Época

Um banco camarada até demais

Numa tarde movimentada no Congresso, em 2007, o então presidente do Banco do Nordeste, o BNB, Roberto Smith, subiu ao 14° andar do Senado para conversar com o senador Gim Argello, do PTB de Brasília. Smith estava acompanhado por um assessor e por um deputado federal. Ele estava lá para conversar com um convidado e amigo de Gim, o empresário Walter Torre, dono de uma das maiores construtoras do país, a WTorre. Gim atuara ali como intermediário entre um empresário com um problema e um burocrata com uma solução. A partir daquele instante, um banco estatal, com orçamento de aproximadamente R$ 10 bilhões por ano para gastar e juros camaradas a oferecer, estava à disposição de Walter Torre. O momento em que Torre abordou Smith – ou Smith abordou Torre – não poderia ter sido mais oportuno. Com dinheiro saindo pelo ladrão, o BNB acabara de criar uma diretoria para capitalizar empresas que nem mesmo precisavam se envolver em projetos de desenvolvimento da região, contrariando a ideia inicial do ex-presidente Getúlio Vargas ao criar o Banco do Nordeste, em 1952. Era o caso da WTorre, uma empreiteira de São Paulo. Após o encontro no Senado e negociações subsequentes, a WTorre conseguiu levantar R$ 110 milhões ao vender títulos no mercado, comprados principalmente pelo BNB.

Carta Capital

Saída pelos fundos

O deputado federal Eduardo Azeredo inspirou-se no Leão da Montanha, um velho personagem dos desenhos animados. Abandonado pelo PSDB e diante da possibilidade de enfrentar praticamente sozinho o cadafalso no Supremo Tribunal Federal, saiu pela direita. Ou pelos fundos. Na quarta-feira 19, Azeredo entregou sua carta de renúncia à mesa diretora da Câmara. Na missiva, se diz inocente, classifica as acusações por peculato e lavagem de dinheiro de “Injustas, agressivas, rad ica is e desumanas” e justifica a desistência do mandato como uma forma de escapar da execração pública.

Próxima parada: banco dos réus

Em 2008, o estado de São Paulo entrou na rota cias investigações de um esquema internacional de pagamento de propinas arquitetado pela multinacional de origem francesa Alstom. Em mato daquele ano, o Ministério Público suíço apontou um suposto repasse pela empresa de 23,3 milhões de reais, por meio de uma sofisticada lavagem de dinheiro promovida por empresas offshore, a importantes funciona rios i públicos paulistas, durante a gestão do governador Ma rio Covas, do PSDB, em 1998. A intenção era garantir u ma renovação ilegal, sem licitação, de um contrato nu valor de 181,3 milhões de reais para o fornecimento de equipamentos à Empresa Paulista de Transmissão de Energia (Epte) e à Eletropaulo.

  Publicado em: Governo

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