A nomeação da senadora Glesi Hoffmann (PT-PR) para o lugar de Antonio Palocci na Casa Civil tem uma dose de surpresa, mas não chega a ser uma invencionice da presidente Dilma Rousseff.
Mesmo Gleisi ser especializada em analisar o Orçamento Geral da União e ter sido diretora de Itaipu, no governo Lula, falta-lhe manejo político.
Apesar de logo na primeira entrevista Gleisi ter dito que a missão que lhe foi confiada por Dilma é cuidar da gestão, do andamento dos projetos no governo, é impossível dissociar a Casa Civil da articulação política. Como é a última instância para uma demanda chegar à presidente, todos os políticos assediam o ministro de turno. Das nomeações às prioridades orçamentárias, o poder passa pela Casa Civil.
Com a saída de Gleisi Hoffmann para assumir o cargo de ministra-chefe da Casa Civil, quem assume a vaga no Senado pelo Estado do Paraná é o advogado Sérgio de Souza, primeiro suplente, que aumenta a bancada do PMDB no Senado, que já era a maior da Casa, passa a ter 20 senadores com a posse de Sérgio de Souza. A bancada do PT, que era a segunda maior e tinha 15 senadores, cai para 14.
Por outro lado, o PMDB recebeu mal a indicação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) para substituir Antonio Palocci no comando da Casa Civil. O que irritou peemedebistas que se mantiveram firmes na defesa de Palocci foi o fato de o cargo ter sido entregue exatamente à petista que ‘pediu a cabeça do ministro’.
Dirigentes peemedebistas consideraram ‘surrealista’ que uma petista que esteve na linha de frente do ‘fogo amigo’ contra Palocci ocupe o lugar dele. Maior partido da base aliada e ‘sócio do governo’ na condição de inquilino da Vice-Presidência da República, o PMDB não participou e nem sequer acompanhou as articulações em torno da troca de comando na Casa Civil.
O vice-presidente Michel Temer só foi chamado ao Palácio do Planalto por volta das 17 horas de ontem, quando já estava tudo decidido. Foi comunicado pela presidente Dilma Rousseff de que Gleisi fora a escolhida. Além do comunicado ao vice, a única sinalização enviada ao PMDB foi a de que, ao menos por enquanto, não deverá haver ‘mexida’ na articulação política do governo, além da troca de ministro.
Alguns peemedebistas receberam telefonemas de agradecimento de Palocci pelo apoio prestado, ontem, antes da demissão. Neste cenário, um dirigente da legenda afirma que ‘mostrar ansiedade, agora, seria inabilidade’. Ele aconselha os correligionários a ‘esperarem sua vez’, na expectativa de que o partido venha a ter ‘espaço mais qualificado, mais adiante’.
O certo é que Gleisi vai precisar de muito jogo de cintura para tratar com o PMDB e os demais partidos aliados no Senado.
Publicado em: Governo