Diante do que vi nessas eleições de 2012…

Publicado em   12/out/2012
por  Caio Hostilio

“Na sua tribo não tem hipócritas?”

Resolvi republica meu texto do dia 20/08/2012 “Hipócritas???… O corporativismo é algo repugnante!!!”, haja vista que me decepciono a cada dia com os seres humanos…

A hipocrisia é um dos sentimentos mais baixos, denegrindo a criatura de forma irremediável, já que toda a sua ação se baseia na falsidade de propósitos que o hipócrita procura esconder, simulando ser virtuoso quando não o é. É comum nos temperamentos vulgares, o que lhes permite prosperar na mentira e nos ardis inescrupulosos que sempre armam, para tirar vantagem de tudo e de todos. Têm absoluta certeza de que praticam atos indignos, mas jamais confessam isso.

A hipocrisia reveste-se de numerosos matizes ou graus, já que o hipócrita finge sempre ter o que não tem. Assim, suas virtudes são pseudovirtudes, falsas, fingidas, simuladas, agindo sempre como um impostor. Para que a criatura de bons propósitos possa proteger-se da falsidade e dos falsos, vamos, nos parágrafos seguintes, apresentar alguns desses matizes, artifícios e subterfúgios.

Os hipócritas sempre projetam uma sombra sobre o ambiente em que atuam para melhor poderem simular as qualidades e aptidões que consideram vantajosas. Usam artifícios sutis e requintados e armam defesas de todo tipo para não serem desmascarados. Sua honestidade é indecisa, insípida, camuflada e, assim também, a sua moralidade. Não sabem ouvir a voz interior de sua consciência, isto é, procuram cúmplices para melhor facilitar a sua ação nefasta.

Os hipócritas não são movidos por nenhuma firmeza e, ao contrário dos virtuosos, não têm caráter digno. Esquivam-se à responsabilidade de seus atos, são ousados na traição e tímidos na lealdade. Sua habilidade de difamar, conspirar, confabular e agredir, muitas vezes com simulada suavidade, é ilimitada. Jamais se expõem ou revelam sua personalidade verdadeira, ostentando uma espécie de armadura, para não deixar visível o seu caráter. Têm absoluta certeza de que seus atos são indignos, mas não confessam isso nunca.

Procura abafar a dignidade dos simples, emudecer os escrúpulos dos incapazes de resistir à tentação do mal. Ao hipócrita faltam virtudes para renunciar ao mal e coragem para assumir a responsabilidade de seus atos. Nesta mesma linha de raciocínio, procuram destruir os sonhos, planos e projetos dos que têm entusiasmo, colocando defeitos em tudo.

Gabam-se simploriamente de serem honestos e bajulam os virtuosos, de quem têm inveja que não confessam. Procuram igualar-se às criaturas superiores, mas com um pouco de argúcia pode-se perceber esse disfarce. Às vezes, simulam submissão e até amor àqueles que detestam e carcomem. Sua perversidade os inquieta com escrúpulos que os envergonha, mas apenas em silêncio,em segredo. Sedesmascarados, descoberta a sua falsidade, sofrem o mais cruel dos castigos.

O hipócrita tem grande apetite por valores materiais, principalmente pelo dinheiro, e este o impele a descoberto. Não retrocede diante das artimanhas de seus adversários e costuma acumpliciar-se para vencê-los. Gosta de ser reverenciado, bajulado. Sabe farejar o rastro de negócios escusos, vende-se ao melhor ofertante, prospera através de maracutaias. Assim, parece triunfar sobre os sinceros e incautos, sempre usando ardis e motivos vis. Se, para obter os seus inescrupulosos propósitos vier usar a intriga, sua “honestidade” se macula e se torna capaz de todos os rancores. Por isso, é preciso tomar muito cuidado para não se colocar em seu caminho; se o fizer, desmascare-o logo de início, retire a sua máscara de forma a desestimulá-lo de prosseguir nos seus intentos, embora sabendo que, daí por diante, será por ele desprezado e odiado.

Em certo sentido, em muitas ocasiões, a hipocrisia pode causar mais mal que o ódio, embora este seja um dos sentimentos que mais corrói a alma humana. O homem digno é valoroso, mas o hipócrita é amedrontado. Por isso, o homem digno desabafa-se, enquanto o hipócrita simula, escamoteia, disfarça; aquele, sabe cancelar ou anular seu eventual ódio, enquanto este nem sequer admite que o tenha. Por isso, não abre o seu coração a ninguém e, sempre que necessário, finge ter ódio.

Com relação às crenças ou religiões, o hipócrita professa a que lhe é mais vantajosa. Dessa forma, escolhe ou adota uma religião por conveniência, não por convicções morais, ou seja, sua religião é uma atitude, não um sentimento interior. Por isso, não raro, costuma exagerá-la, assumindo a posição de fanático. Assim, nas horas de crise em que a fé agoniza no fanatismo, perde o alento e cai no exagero materialista de quase todas, senão todas as religiões, mudando de uma para outra com facilidade, já que não têm um ideal a preservar.

A moral do hipócrita está no fato de tirar vantagens de tudo e de todos; a moral da criatura virtuosa está nas boas intenções e na finalidade de suas ações, sempre objetivas, claras, honestas e dignas. O hipócrita é constrangido a manter suas aparências, enquanto que o virtuoso cuida de seus ideais com entusiasmo e otimismo.

A hipocrisia é um estado de ser mais profundo do que a mentira, já que esta é acidental e aquela, permanente. O hipócrita faz o contrário do que diz toda vez que isto lhe traga benefícios. Por isso, vive traindo a sua própria palavra ou embaralhando suas promessas quase nunca cumpridas ao pé da letra, transformando a sua vida interior em uma mentira metódica e organizada. De tão habituado à mentira, tem dificuldade de falar a verdade. Assim, aqueles que o ouvem, isto é, suas vítimas são iludidas por acreditarem que ele está dizendo a verdade. Daí que, o hipócrita, uma vez descoberto, não merece crédito, não se deve mais nele acreditar, é desleal e desonesto. Para se defender, então, o hipócrita se torna calculista, já que não consegue mais disfarçar o seu intento.

O hipócrita encontra na mentira o instrumento ideal para servir aos seus propósitos, já que nele os atos estão sempre em desacordo com as palavras. Qualquer que seja a sua posição social, o hipócrita está sempre disposto a adular os poderosos e a enganar os humildes, usando a mentira como sua arma. É uma postura totalmente oposta à do virtuoso, em que a verdade é condição fundamental. Enquanto o virtuoso mantém sempre uma condição de respeito e honestidade, o hipócrita é sempre bajulador. Está inclinado ao mal, mas como lhe falta ousadia, contenta-se em cultivar as aparências, desdenhando a realidade, mas não consegue usar o seu disfarce perante todos. Não consegue, porém, enganar a todos ao mesmo tempo e, quando é desmascarado, o mundo parece desabar aos seus pés.

O hipócrita detesta os homens retos, pois estes, com sua retidão, humilham os oblíquos que não confessam a sua covardia. Por isso, repetimos, simula tudo. Nele, até o sorriso é falso. Difama na surdina e trai sempre que necessário para atingir seus fins. Só pensa em si mesmo, caracterizando com isso sua acentuada pobreza de espírito. Com isso, fica-lhe difícil manter uma amizade verdadeira. Sendo indiferente ao mal do seu semelhante é, freqüentemente, levado à cumplicidade indigna para ajudá-lo a cumprir seus propósitos.

O hipócrita não hesita em levantar suspeitas se isso lhe interessar, e com sua palavra, destruir ou separar amigos e amantes, envenenando com sua suspeita falsa a confiança mútua que ali existia e, portanto, jogando por terra a harmonia que entre os amigos reinava. Outra vez, a mentira é o seu sustentáculo! Por isso mesmo, não tem sentimento para com a família, a classe, as raças e a pátria, não é simpático a qualquer ideal, mas pode simular simpatia mentindo para explorar melhor esses sentimentos. Dessa forma, o hipócrita só é generoso para obter vantagens e, como exemplo, podemos notar que só pratica uma ação digna quando tiver a certeza de que suas ações serão notadas. Tudo o que é seu tem mais valor, é supervalorizado e o que não lhe pertence, mas é por ele cobiçado, é subvalorizado.

  Publicado em: Governo

2 comentários para Diante do que vi nessas eleições de 2012…

  1. sonhei disse:

    Se nos tornamos dependentes das mudanças, e tentamos mudar coisas em nossas vidas antes de elas estarem prontas para isso, então estamos lutando em uma batalha perdida. De forma semelhante, se ficamos presos em conservar as coisas como estão, resistentes a toda e qualquer mudança em nossa vida, a batalha se mostra igualmente difícil e despropositada. Por outro lado, se aprendemos a aceitar o que está acontecendo, sem nos identificarmos com a necessidade de mudar ou manter as coisas, começa a ser criado um espaço em nossa vida para as coisas mudarem ou não, de acordo com as nossas reais necessidades.

    Há duas energias arquetípicas primárias da vida, a mudança e a manutenção. Ambas são igualmente necessárias e ambas são partes de uma polaridade dinâmica com a qual podemos ou não cooperar. Quando aceitamos qualquer uma dessas, essas energias conseguem se manifestar de uma forma relativamente pura. Assim, a mudança pode ser considerada em termos de progresso, evolução, transformação e libertação. A manutenção, quando manifesta em seu estado cristalino, transmite eternidade, ritmo, paciência e a sensação de eternidade.

    Quando resistimos e lutamos contra qualquer uma delas, mudança ou manutenção, e não aceitamos as coisas como são, então essas energias começam a se manifestar de uma forma distorcida. Nesse caso, as mudanças podem ser despropositadas, levando ao dispêndio de nossa energia, ficamos insensíveis às nossas necessidades e às necessidades alheias. Tomamo-nos destrutivos e não reconhecemos nossos limites com clareza. A manutenção, quando distorcida, leva à inércia e à indolência, à obstinação, à inflexibilidade, à covardia e ao medo do desconhecido, estrangula o fluxo natural da energia da vida.

    Não é preciso dizer que há necessidade tanto das mudanças como da manutenção em nossa vida. Quando falamos sobre aceitação das coisas como elas são, permitindo que essas duas polaridades se manifestem em nossa vida, não significa que temos que aceitar cegamente algum tipo de destino predeterminado, nem que devemos nos tornar vítimas das circunstâncias. Pelo contrário, quando aprendemos a reconhecer o valor da verdadeira aceitação interior, essa conduta liberta nossa energia de modo que podemos mudar ou não uma certa situação, de acordo com o que é melhor para nós num determinado conjunto de circunstâncias. Claro, nem sempre é assim tão fácil, mas devemos procurar o nosso equilíbrio sem excluirmos nem a mudança nem a manutenção, buscando o que há de melhor nas duas.

    Tudo muda o tempo todo. Essa é uma verdade fundamental da vida. Se estivéssemos prontos para aceitar essa “verdade”, então não sentiríamos tanto medo e insegurança diante dos acontecimentos que parecem mudar rapidamente demais, nem perante situações aparentemente estagnadas. Como tudo muda, podemos perceber que essas coisas – sejam elas o que forem – também passarão. Às vezes, temos a sensação de que estamos presos e amarrados a uma relação que já não nos satisfaz – mas, lembre-se, tudo pode se modificar. Outras vezes, passamos por períodos de solidão porque não encontramos um bom relacionamento – mas, lembre-se, tudo pode se modificar. Podemos nos harmonizar com o fluxo natural da vida e aceitar as coisas como elas são. Só assim conseguimos compreender claramente as idas e vindas dos acontecimentos.

    Tudo isso está muito bem, mas o grande problema é que a maioria das pessoas geralmente estão excessivamente apegadas ou identificadas com o desejo de mudança ou de estabilidade. Supondo que o seu relacionamento afetivo seja incrivelmente satisfatório – bem, certamente você não quer que isso se modifique, mas, se tentar manter as coisas exatamente como estão, não permitirá que a relação cresça e se modifique no seu ritmo natural e, por isso, ela logo se tornará estéril e inflexível. E, devido à estabilidade forçada, não será de qualquer maneira a mesma relação de antes. Provavelmente, essa estabilidade forçada acabará provocando modificações, contrariando tudo que você sempre planejou para esse relacionamento. Ou, quem sabe, você ainda não tenha conseguido desenvolver uma relação duradoura, e o seu desejo de mudar essa situação é tão intenso, que você está preso e vinculado à idéia de arranjar um parceiro, ao ponto de não conseguir pensar em outra coisa. Está tão apegado ao seu desejo que, ao surgir qualquer oportunidade, você tenta iniciar um novo relacionamento e faz de tudo para ele dar certo. Geralmente, as pessoas que se comportam dessa maneira são tão insistentes que as coisas simplesmente não acontecem, ou, quando acontecem, não duram. Novamente, o apego excessivo o deixa à deriva, e a vida, mais uma vez, “não deu certo”!

    Contudo, quando abandonamos nossa insistência em mudar, ou manter, uma determinada situação, começamos a ver a situação como ela realmente é. Com esta nova visão de como a coisa é, torna-se possível escolher se devemos mudá-la ou não. Mas essa aceitação verdadeira tem que ser realmente sentida, realmente vivida, não pode ser apenas uma postura intelectual. Assim, quando a aceitação passa a ser vivenciada dessa maneira, as transformações têm espaço para acontecer.

    Quando a dinâmica da vida é aceita conforme foi exposto acima, sem simplesmente nos resignarmos às circunstâncias, sempre tentando determinar nossas escolhas ativa e conscientemente, estamos mais aptos a compreender o significado interior dos acontecimentos. Quando aceitamos um fato, passamos a perceber mais claramente qual é a sua finalidade, por que as coisas são do jeito que são. Aí, adquirimos o direito de escolha, podemos determinar se deixaremos as coisas acontecerem ou se lutaremos contra a sua evolução de um modo mais impositivo.

    Jamais conseguiremos nos livrar totalmente das experiências indesejáveis em nossa vida, portanto é melhor sabermos como aceitá-las. Na realidade, é muito comum as coisas piorarem quando tentamos lutar desesperadamente contra elas. Por outro lado, a aceitação da vida como ela é inclui dor, sofrimento e fracasso, experiências desagradáveis e momentos em que temos que tomar certas atitudes que nem sempre são exatamente o que gostaríamos de fazer. Aprendemos a controlar nossas energias e podemos usá-las a nosso favor em vez de utilizá-las contra nós mesmos. Por exemplo, se aceitamos que estamos passando por uma fase depressiva, temos muito mais condições de lidar com esse problema do que quando não aceitamos e tentamos ignorar a situação.

    Nem sempre é possível modificar as condições externas, mas sempre podemos trabalhar as condições internas. Pode parecer paradoxal se nos apenas pensarmos nisto. Entretanto, quando começamos a agir sobre o problema, percebemos que sempre temos à disposição um meio de provocar modificações que é um ato de aceitação. Quando aceitamos as coisas como elas são, estamos abertos ao aprendizado. Se compreendida desta maneira, a aceitação passa a ser um dos melhores instrumentos de transformação.

    Se pensarmos em uma experiência recente que tenha nos proporcionado muito prazer e alegria, recordando de todos os detalhes dessa experiência, os fatos agradáveis, quaisquer que tenham sido, ressurgirão em nossa consciência, trazendo com eles a sensação do prazer vivido naqueles momentos. É possível reviver experiências agradáveis, senti-las como se ainda estivessem acontecendo. Isso é saudável, algo que nos dá prazer e nos faz sentir bem. Contudo, podem surgir alguns problemas se ficarmos excessivamente apegados e presos às sensações de um determinado momento, ao ponto de só pensarmos nisso e de empregarmos todas as nossas energias tentando fazer as coisas acontecerem novamente.

    Por outro lado, se nos recordamos de uma experiência “desagradável”, acontecimentos que não nos provocaram bons sentimentos, e ficamos algum tempo revivendo todas as sensações, emoções e pensamentos que estão associados àquele momento, da mesma maneira podemos achar que essa experiência ainda está acontecendo. Esse tipo de comportamento também pode ser muito saudável, porque, embora não desejemos reviver momentos angustiantes e desagradáveis, se conseguirmos repensá-los isso nos ajudará a resolver os problemas associados a esse tipo de situação.

    Tanto as experiências aparentemente positivas quanto as aparentemente negativas podem ser de grande valor. Na verdade, o que aprendemos com as experiências supostamente “desagradáveis” é que vai nos ajudar a crescer e a amadurecer, tornando-nos capazes de expressar o que realmente somos e o que realmente desejamos da vida. Para mergulhar verdadeiramente nas profundezas do nosso passado, trazendo à superfície experiências angustiantes e traumáticas, precisamos do acompanhamento de um bom psicoterapeuta ou guia, capaz de nos orientar ao longo desse processo. Mas com a simples aceitação desses dois tipos de experiência, passamos a ser pessoas mais completas, mais aptas a encarar o nosso futuro, qualquer que seja ele.

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